Título: Oi quer 2 milhões de clientes em SP até fim do ano
Autor: Teixeira, Michelly; Cruz, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2008, Negócios, p. B17

O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, resolveu provocar os concorrentes ontem, na entrevista coletiva em que comentou o lançamento dos serviços da empresa em São Paulo. ¿Gostaria de agradecer minimamente aos concorrentes, porque deixaram uma parcela de mercado reservada para nós¿, disse o executivo, referindo-se ao número de celulares por 100 habitantes no Estado. A densidade em São Paulo está em 79,7%, comparada, por exemplo, a 91,6% no Rio. ¿Existe um mercado não atendido que foi deixado para nós¿, complementou.

Desde que iniciou as vendas em São Paulo, no dia 3 de outubro, a Oi já vendeu mais de 1 milhão de chips. O resultado foi o dobro da expectativa da empresa. Falco disse ser possível que a base da Oi alcance os 2 milhões de linhas móveis em São Paulo até o fim do ano. E acredita que, no ano que vem, o mercado paulista deve ter avanço 15% superior ao da média nacional.

No ano passado, Falco tinha chamado Vivo, Claro e TIM, seus concorrentes em São Paulo, de ¿três gatos gordos¿. Ontem, ele retomou a comparação: ¿Desde que eu falei que havia três gatos gordos, dois presidentes de operadoras fizeram regime. Eles ficaram elegantes, mas acharam que eu falava da pessoa física, e era da jurídica.¿ As concorrentes não quiseram comentar as declarações.

A estratégia da Oi para a entrada em São Paulo foi de oferecer bônus diários de R$ 20 por um ano aos seus clientes, para ligações para telefones da operadora, telefones fixos, interurbanos com o código da operadora para telefones da Oi fora de São Paulo e para mensagens de texto. ¿Achei a estratégia correta para entrar em São Paulo¿, disse o analista Júlio Puschel, da consultoria The Yankee Group. ¿O problema vai ser se as outras empresas encararem a estratégia como uma guerra de preços.¿

Segundo Puschel, o maior gasto da Oi, com a promoção, será a tarifa de interconexão que a empresa pagará para a Telefônica, quando seus clientes ligarem para telefones fixos. ¿Mas ela receberá interconexão também, uma boa parte dela da Telefônica¿, destacou o analista. Falco acredita que, em ¿algum momento de 2009¿, as operações de São Paulo vão se sustentar com a própria geração de caixa, sem a necessidade de se injetar dinheiro.

A Oi ampliou para 31 de outubro o prazo de cadastramento na oferta de pré-venda em São Paulo, que dá ao cliente bônus diários de R$ 20 por um ano, sendo exigida recarga mensal mínima de R$ 10 a partir do quarto mês. Embora tenha ligado sua rede móvel da Grande São Paulo no último domingo, o que permitiu a 500 mil usuários começarem a usar sua rede, a Oi só formalizou ontem o início de suas operações no Estado.

A empresa anunciou também o início das vendas de celulares pós-pagos. Quem adquirir qualquer plano pós-pago ganha, por um ano, bônus de 1.250 minutos, além da franquia contratada, para usar de Oi para Oi e de Oi para fixo. A promoção também dá direito a 120 mensagens de texto por mês para qualquer operadora e a até R$ 65 mensais, com duração de 10 meses e variação de acordo com o plano escolhido, para ser gasto como o cliente quiser. Até 31 de janeiro de 2009, ligações de longa distância com o código 31 sairão a R$ 0,31 por minuto. O benefício vale para chamadas direcionadas a qualquer linha Oi ou telefone fixo em todo o Brasil.

Segundo o diretor de Mercado da Oi em São Paulo, Roderlei Generali, a entrada da Oi ¿muda bastante o mercado de São Paulo¿, não pelo aumento no número de operadoras móveis no mercado, que conta com Vivo, TIM, Claro e, agora, Oi e a pequena Aeiou, mas porque a empresa promete ¿imprimir um ritmo de competição¿ no Estado. ¿Na nossa região também fomos os últimos a entrar e hoje somos líderes. Queremos, por aqui, uma posição condizente com o tamanho da empresa¿, afirmou o executivo. ¿Com essa agressividade, já mudamos a penetração dos serviços de telefonia em São Paulo¿, complementou Falco, dizendo que o estilo da Oi é o de ¿chutar o balde¿.

Além das promoções para o sistema pós-pago, a Oi anunciou planos para o mercado corporativo. Serão três opções para o público empresarial, os quais oferecem bônus em reais, em minutos e pacotes SMS para adesões feitas até 24 de dezembro deste ano. Os minutos da franquia que não forem utilizados ficam acumulados por dois meses.

Segundo Falco, a primeira fase de investimentos em São Paulo demandou cerca de R$ 1 bilhão, volume que aumentará conforme a demanda.