Título: China e UE se unem por reformas
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2008, Economia, p. B10
No início da tarde de sexta-feira, na Europa, as bolsas de valores encerraram seus pregões na Ásia com índices negativos que variaram de 9,60%, caso do japonês Nikkei 225, a 12,20%, verificado pelo Nifty, da Índia. A essa altura, a pergunta recorrente na imprensa das capitais européias era: a Ásia é a vítima da vez na roleta russa dos mercados financeiros? Uma das respostas veio do presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, que presidiu a Cúpula da UE-Ásia, realizada na sexta e ontem, em Pequim: ¿Ou nadamos todos juntos, ou afundaremos todos juntos.¿
Ao final do encontro, os representantes europeus e asiáticos deram uma resposta prática: chegaram a um consenso amplo sobre as alternativas para se fazer frente à turbulência financeira global e vão apresentar essas avaliações durante um encontro sobre a crise em Washington, no próximo mês. Em entrevista concedida ao final do evento,os líderes defenderam novas regras para direcionar a economia global e enalteceram o papel de liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar os países afetados pela crise.
O fórum bianual, conhecido como ASEM (na sigla em inglês), normalmente não toma decisões e o comunicado divulgado pelos seus líderes sinaliza a maneira como a crise no mercado global está sendo vista e avaliada pelas instituições. ¿Estou satisfeito em confirmar uma determinação compartilhada e um compromisso da Europa e da Ásia para trabalharmos em conjunto¿, afirmou o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.
As respostas para a crise entre os participantes do encontro têm variado até agora. Os quinze países que compartilham o euro e o Reino Unido têm reagido de forma dramática, concordando em colocar um total de US$ 2,3 trilhões em garantias e ajuda emergencial para socorrer os bancos.
Contrastando com essas posições, a Coréia do Sul, China, Japão e os 10 países da Associação do Sudeste Asiático apenas se comprometeram novamente com um fundo emergencial de US$ 80 bilhões para ajudar os grupos que enfrentam problemas de liquidez - que será implementado em junho do próximo ano - mesmo diante do derretimento dos mercados acionários da região e da crise em seus mercados exportadores.
O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, afirmou que a inovação financeira precisa ser equilibrada com a regulamentação e defendeu medidas para a redução do impacto da turbulência sobre os empregos, o crescimento e o comércio. ¿Precisamos utilizar todos os meio para prevenir que a crise financeira tenha impacto sobre o crescimento da economia real¿, declarou Wen. Ele afirmou que o impacto direto da crise na China tem sido relativamente leve, mas o esfriamento da economia mundial e da demanda por exportações ¿deve, inevitavelmente, ter efeito sobre a economia chinesa¿.
A chanceler alemã, Angela Merkel, exortou o FMI a ser ¿um guardião da estabilidade do sistema financeiro internacional¿ e disse que houve um acordo unânime para que o Fundo assuma um papel de supervisão.
O FMI está discutindo pacotes para uma série de países. Na sexta-feira, o governo da Islândia pediu US$ 2 bilhões para enfrentar a crise financeira.