Título: O sistema bancário já está respirando mais
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2008, Economia, p. B6

Segundo Mantega, houve melhora na liquidez do mercado e no crédito para exportação

Ribamar Oliveira, BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disseram ontem que os dados da economia brasileira já indicam melhora não apenas na liquidez do mercado, como também nos financiamentos às exportações, que tinham sido muito afetados pela crise internacional. ¿Sinto que estamos numa situação diferente, pois conseguimos aumentar a liquidez e o sistema bancário já está respirando mais¿, afirmou Mantega, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Meirelles apresentou um gráfico que mostra que as operações de antecipação de contrato de câmbio (ACC), feitas pelos exportadores, já foram retomadas, embora ainda não tenham atingido o nível pré-crise. ¿Eles (os ACC) não atingiram o pico anterior, mas esse processo está se restabelecendo¿, disse Meirelles, ao enumerar as medidas já adotadas pelo governo para restabelecer os financiamentos às exportações e reconstruir o crédito interno.

Ele ressaltou que não há no Brasil, ao contrário de outros países, paralisação completa do crédito. Admitiu, no entanto, que as médias diárias de empréstimos caíram ¿um pouco¿ no início da crise. Dados do BC relativos a outubro mostram que houve contração média de 5% do crédito. Em meados do mês, o BC havia informado que a queda média era de 13%.

Mantega acha que a crise pode estar cedendo, diante das medidas adotadas por nações mais desenvolvidas. ¿Acredito que poderemos estar entrando em uma fase mais amena da crise, embora ela ainda seja muito grave. Mas não tão aguda quanto nesse um mês e meio que passou¿, afirmou. ¿A crise será prolongada, mas podemos estar entrando numa fase menos aguda. O sistema financeiro internacional dá sinais de que voltou a funcionar, pois as operações no interbancário (empréstimos entre bancos) voltaram a ocorrer.¿

Para regularizar a situação do mercado de câmbio e conter a alta do dólar, Meirelles disse aos senadores que o BC injetou US$ 32,8 bilhões no mercado interno. Desse total, segundo ele, US$ 4,6 bilhões saíram das reservas internacionais do País. O restante foi resultado de operações realizadas pelo BC no mercado futuro de dólar. Nesse total, estão computadas vendas diretas das reservas no mercado de câmbio à vista, empréstimos com compromisso de recompra, swaps cambiais e empréstimo para o comércio exterior.

Por causa da forte desvalorização do real, Meirelles informou que a dívida líquida do setor público atingiu seu nível mais baixo desde setembro de 1998, fechando o mês de outubro em torno de 37% do PIB. No fim de agosto deste ano, a dívida líquida estava em 40,5% do PIB.