Título: Polêmica vem desde primeiro dia da operação
Autor: Macedo,Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2008, Nacional, p. A4

O cuidado no trato de dados sigilosos, na proteção de senhas e na exposição de investigados gerou polêmica desde o primeiro dia da Operação Satiagraha, em 8 de julho. Até a cúpula da Polícia Federal protestou: alegou não ter sido avisada pelo delegado Protógenes Queiroz no prazo de costume, enquanto a TV Globo chegou aos alvos antes mesmo dos agentes. Ao longo de quatro meses, as suspeitas cresceram e até jornalistas podem ter sido alvo de espionagem.

A cena do ex-prefeito Celso Pitta sendo preso de pijama irritou as autoridades. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, atacou a "espetacularização" e o uso de algemas. No dia seguinte, o titular da Justiça, Tarso Genro, pediu inquérito administrativo para apurar vazamentos.

A divulgação de conversas telefônicas entre o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), atuando em favor de Daniel Dantas, e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, aumentou a reação. Quase diariamente, Mendes atacou a PF e cobrou punição mais dura por abuso de autoridade. E trocou farpas com Tarso, para quem a investigação fora de "alto nível".

Outro vazamento, que atingiu a cúpula da PF, foi o do depoimento de Protógenes, logo após seu afastamento do caso. Ele disse ter sido forçado a revelar dados sensíveis da investigação, mas teria resistido por causa do sigilo.

O caso guardava surpresas, como a revelação de que um ex-araponga Serviço Nacional de Informações (SNI) ajudou Protógenes. E havia mais combustível para polêmica: a PF apurou que 72 agentes da Abin atuaram na Satiagraha. E apontou gravações clandestinas, vazamentos e quebra de sigilo de senhas de agentes pela Abin.

A última suspeita, levantada pelo Ministério Público, é de quebra de sigilo de aparelhos Nextel, alguns usados por jornalistas. A PF nega.