Título: Programa mira portador de distúrbio mental
Autor: Sant¿Anna, Emilio
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2008, Vida &, p. A18

O Ministério da Saúde vai distribuir preservativos para pacientes com transtornos mentais. A decisão, que será formalizada este mês, é uma reação ao resultado de uma pesquisa que aponta a vulnerabilidade do grupo para doenças sexualmente transmissíveis, como aids, sífilis e hepatite.

Desenvolvido entre 2.238 pacientes, o trabalho demonstra que eles têm vida sexual ativa, já ouviram falar de HIV, mas poucos usam preservativos. Dos entrevistados, 7% disseram usar camisinha em todas as relações - porcentual bem abaixo do encontrado em pesquisa nacional: 33%.

Financiada pelo Programa Nacional de DST-Aids, a pesquisa entrevistou pacientes atendidos em 11 hospitais psiquiátricos e em 15 Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs). O porcentual de casos de aids no grupo avaliado foi de 0,8%, acima do 0,6% detectado na população em geral. O número de casos de hepatite B foi de 1,6%. Não há dados gerais de prevalência da infecção na população, mas o porcentual está acima do registrado em outras pesquisas, como 0,35% entre doadores voluntários de sangue. No caso da hepatite C, a tendência foi a mesma. O porcentual registrado entre os pacientes (2,6%) é o dobro do verificado entre a população de São Paulo (1,42%).

A coordenadora do Programa Nacional de DST-Aids, Mariangela Simão, acredita ser preciso ampliar a capacitação dos profissionais que trabalham nesses serviços. Algo que deve começar a ser feito a partir do próximo ano. Em cursos, eles seriam treinados a passar informações sobre sexo seguro para pacientes, o que hoje é falho ou, em alguns serviços, inexistente.

Atualmente não há a obrigatoriedade de os serviços ofertarem preservativos aos pacientes. Na pesquisa, coordenada por Mark Drew Guimarães, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi constatado que 30% deles ofertavam camisinhas para seus pacientes. ¿É preciso uniformizar a prática¿, defendeu Mariangela.

O plano é encomendar, para o próximo ano, 1,2 bilhão de camisinhas. A entrega dos preservativos deve começar em 2009.