Título: Assessor de Lula faz ataque a Aécio
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2008, Nacional, p. A6

Marco Aurélio Garcia diz que choque de gestão pode eletrocutar tucano

Vera Rosa e Eduardo Kattah

O assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, fez ontem, em Brasília, duras críticas ao governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), que tem sido cortejado pelo PMDB - aliado do governo Lula - para a chapa presidencial de 2010. Ao defender a aliança do PT com o PMDB para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Garcia afirmou que Aécio precisa tomar cuidado para não ser "eletrocutado" pelo choque de gestão, modelo conhecido por valorizar as privatizações e o Estado mínimo.

"O governador Aécio não disse a que veio e acha que os problemas do País se resolvem com choque de gestão", provocou Garcia, que também é vice-presidente do PT. "Ele está repetindo com mais charme o que Alckmin fez, até porque com menos charme seria impossível", ironizou, numa referência ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), derrotado para a Prefeitura de São Paulo.

Garcia dirigiu farpas a Aécio e Alckmin no intervalo da reunião do Diretório Nacional do PT. "Aécio precisa ter cuidado com fios desencapados porque, com esse choque de gestão, pode acabar eletrocutado." Na quarta-feira, ao se reunir com deputados do PSDB, em Brasília, o governador de Minas tachou o governo Lula de "extremamente perdulário", acusou o PT de "pôr a ética debaixo do tapete" e disse que "será perverso para o Brasil mais quatro anos do que está aí".

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), afirmou que Aécio precisa decidir se quer se aproximar do partido de Lula ou atacá-lo. "Suas declarações são nitidamente para o público interno. Afinal de contas, ele acabou de sair da eleição em Belo Horizonte, na qual fez apologia da aproximação com o PT. Então, me parece que precisa sintonizar melhor o discurso", criticou.

Apesar das estocadas na direção do governo, Aécio tem feito de tudo para pegar carona na popularidade de Lula e mantém bom relacionamento com o presidente. Chegou a afirmar que não seria candidato contra Lula, mas "pós-Lula".

"A campanha de 2010 será substantiva e esse negócio de pós-lulismo com choque de gestão não funciona", atacou Garcia. "Nós não queremos aproximação com Aécio porque achamos que ele representa o governo Fernando Henrique, o desemprego e a recessão", completou Berzoini.

?ATAQUE HISTÉRICO?

Em Belo Horizonte, a Executiva do Diretório Estadual do PT mineiro divulgou nota ontem na qual afirma que Aécio foi tomado por "ataque histérico" ao fazer críticas ao governo Lula e as declarações revelaram sua "alma neoliberal". Na nota, os petistas também rechaçam a afirmação de que os gastos sem controle serviriam à "companheirada".

"Trata-se de mais um ataque histérico e sem consistência que revela, mais uma vez, a alma neoliberal do governador mineiro." A Comissão Executiva encerra o comunicado afirmando esperar que "essa forma deselegante de expressão tenha sido apenas um destempero verbal de quem quer ocupar espaço na mídia".