Título: Governador nega ter feito críticas
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2008, Nacional, p. A6

Segundo Aécio, suas declarações foram retiradas de contexto

Eduardo Kattah, BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), disse ontem que não teve a intenção de fazer ataques ao governo ou à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante uma reunião com deputados federais do PSDB, em Brasília, na última quarta-feira.

Aécio considera que houve uma "exploração exagerada de uma conversa, num tom absolutamente ameno", que manteve com correligionários. Segundo ele, suas declarações foram retiradas de contexto.

"Tenho enorme respeito ao presidente, de quem sou amigo, e a inúmeras figuras que participam do governo", afirmou ao Estado. "Eu reiterei aquilo que venho dizendo ao longo do tempo, sobre a necessidade de enxugar o Estado, gastar menos. Foi um bate-papo, sem nada de agressivo."

Aécio preferiu não comentar o conteúdo da nota divulgada ontem pela Comissão Executiva do Diretório Estadual do PT. Mas, preocupado com o que chama de exploração política da notícia, fez questão de dizer que não partiu para ataques pessoais nem nos momentos mais difíceis do governo Lula. "Jamais esse foi meu objetivo."

Na quarta-feira, Aécio havia afirmado: "É um governo extremamente perdulário e vamos gastar menos com a estrutura do Estado e mais com as pessoas. Não vamos gastar com a companheirada".

Embora não tenha negado declarações publicadas, o governador disse que fez também registros de respeito ao presidente durante o encontro com os deputados. "Foi um bate-papo, sem nada de agressivo. Mas ficou parecendo um discurso de ataque ao governo."

Aécio destacou que seu principal objetivo na reunião era "mostrar as potencialidades do PSDB" na eleição de 2010. Ele disse que resolveu se manifestar, "até para evitar que outros utilizem isso politicamente".

CONVERGÊNCIA

Na eleição em Belo Horizonte, Aécio firmou com o prefeito Fernando Pimentel (PT) uma polêmica aliança, cuja tese política se baseia na convergência entre petistas e tucanos em torno de projetos para o desenvolvimento do País.

O acordo, porém, sofreu forte oposição da direção nacional do PT e rachou o partido no Estado. Embora o Diretório Municipal tenha marchado com Pimentel e Aécio - fiadores da eleição de Márcio Lacerda (PSB) -, parte do PT estadual não engoliu a aliança e deflagrou uma dissidência. Os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) também se opuseram à costura.

PMDB

Ontem, após uma visita ao arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, d. Valmor Azevedo, o governador foi questionado sobre um convite para se filiar ao PMDB.

"Tenho uma relação com o PMDB histórica, tradicional, e acho que ninguém hoje governa o Brasil sem a participação do PMDB. Vejo isso muito mais como uma homenagem a mim do que algo que possa ser realmente concretizado. Estou muito bem aonde estou."