Título: PT quer construir candidatura já em 2009
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2008, Nacional, p. A6

Em reunião do Diretório Nacional, petistas mostraram preocupação com a crescente rejeição da classe média em colégios eleitorais importantes

Vera Rosa, BRASÍLIA

Pela primeira vez sem concorrente natural ao Palácio do Planalto, o PT vai apressar o processo de escolha do candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em reunião de ontem do Diretório Nacional, petistas mostraram preocupação com a crescente rejeição da classe média, verificada em colégios eleitorais importantes, como São Paulo e Porto Alegre, e concluíram que o partido precisa começar a "construir" a candidatura do herdeiro de Lula em 2009 para enfrentar o avanço do PSDB. Até agora, o nome registrado para o espólio lulista é o de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil.

Um dos passos importantes para a definição dos rumos do PT pós-Lula será dado em 22 de novembro do ano que vem, quando o partido renovará as suas direções. O novo presidente do PT, que substituirá Ricardo Berzoini (SP), será o responsável pela condução da campanha do candidato ao Planalto. Lula escalou seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, para a missão, mas ele só disputará o comando do partido se for candidato de consenso.

Antes dessa etapa, porém, os debates internos para o Processo de Eleição Direta (PED), com voto dos filiados, serão uma espécie de pré-aquecimento para 2010. "Há um nome que já está na praça, que é o da ministra Dilma, e vamos fazer debates centrados na estratégia eleitoral. Não estão excluídas outras candidaturas, mas é inegável que Dilma é forte porque tem apoio do presidente Lula e relacionamento muito bom no partido", afirmou Berzoini.

O calendário aprovado ontem prevê que o PT fará seu 4º Congresso Nacional em fevereiro de 2010. Será nessa época, prestes a completar 30 anos, que o partido de Lula definirá o leque de alianças e as diretrizes do programa de governo para o período 2011-2014. "A grande polarização será de projetos", disse Berzoini. "De um lado estarão o presidente Lula, o PT e seus aliados e, de outro, o que foi o Brasil com Fernando Henrique, José Serra, Aécio Neves e o neoliberalismo derrotado no mundo", emendou, citando os governadores de São Paulo e de Minas, ambos pré-candidatos tucanos à Presidência.

Para o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (RS), a ordem do PT é "acelerar sem afobar" o lançamento do herdeiro de Lula. "Se o lado de lá está 99% definido, o pior dos mundos é o PT demorar para construir sua candidatura".

Sob o título Enfrentar a crise, mobilizar a sociedade para ampliar as conquistas e preparar 2010, resolução do PT divulgada ontem diz que a disputa em torno do enfrentamento da turbulência será um dos "marcos" do embate com o PSDB. Longe dos tempos em que condenava o ajuste fiscal, o PT elogia agora a política econômica do governo Lula, mas ainda dá estocadas no Banco Central. "O PT entende que o BC deve baixar imediatamente os juros", diz um trecho do documento, que também saúda a eleição de Barack Obama nos EUA.

Apesar da preocupação com a derrota em São Paulo, o PT não fez o esperado acerto de contas no balanço das eleições. "Precisamos manter o partido unido", justificou Berzoini.