Título: 71% dos planos de saúde não cobrem programas de prevenção
Autor: Cimieri, Fabiana
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2008, Vida&, p. A17

Consultoria aponta que 59% dos usuários fariam check-up, por exemplo, se fosse custeado por sua operadora

Fabiana Cimieri, RIO

Os planos de saúde pouco investem em prevenção e a minoria que o faz direciona seus programas para o tratamento de doenças crônicas - lidam, portanto, com pacientes que já estão doentes. Estudo comparativo inédito e independente sobre o setor de saúde privada, realizado pela consultoria CVA Solutions, revela que 71% dos planos não cobrem nenhum procedimento de saúde preventiva e os 29% restantes não chegam a estruturar uma verdadeira política de prevenção para seus clientes saudáveis.

A pesquisa - feita entre junho e julho deste ano nos Estados de São Paulo e Rio - ouviu 4 mil usuários de 33 operadoras de saúde, além de 153 representantes da área de recursos humanos responsáveis pela escolha de planos para suas empresas.

De acordo com o estudo, as pessoas necessitam e estão receptivas a programas de prevenção. Nos últimos dois anos, 29% dos beneficiários participaram de algum programa para adotar hábitos mais saudáveis. Entre as coberturas desejadas e que não são oferecidas estão check-ups regulares, subsídio a medicamentos, programas de vacinação, terapias alternativas e descontos em academias. "O problema é que os planos pensam em prevenção para quem já está doente, e se esquecem dos 90% de usuários saudáveis que acabam se sentindo abandonados pelo plano", disse o coordenador do estudo, Sandro Cimatti. Dos beneficiários de planos, 59% acham que os custos são maiores do que os benefícios. "Os pacientes crônicos correspondem a cerca de 10% do total de usuários e representam 65% do custo da operadora. Os demais pacientes poderiam ter um relacionamento mais próximo com seu plano de saúde se tivessem esses programas de prevenção, o que aumentaria a percepção de valor da empresa e reduziria a sinistralidade no longo prazo."

O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo, Arlindo de Almeida, discorda dessa conclusão. "Trabalhamos com 42 tipos de programas de medicina preventiva. As maiores operadoras certamente oferecem. O número de operadoras pode não ser tão alto, mas em termos de beneficiários certamente a maioria é atingida." A Agência Nacional de Saúde Suplementar está concluindo um levantamento sobre o tema que deve ser divulgado nas próximas semanas e não comentou o resultado do estudo.

Ainda segundo a pesquisa, se pudessem participar de um programa de melhoria da saúde que fosse coberto pelo plano, 59% das pessoas "certamente participariam".