Título: BB pode pagar até R$ 7 bi por Nossa Caixa
Autor: Fernandes, Adriana; Abreu, Beatriz
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2008, Economia, p. B7

Conselho de Administração do Banco do Brasil discute a compra de bancos e a incorporação do Banco do Piauí, anunciada ontem à noite

Adriana Fernandes, Beatriz Abreu e Ricardo Grinbaum

O Conselho de Administração do Banco do Brasil discutiu ontem a compra de instituições financeiras e definiu o modelo de incorporação para assumir o controle do Banco do Piauí. As outras instituições que o BB quer comprar são a Nossa Caixa, o Banco de Brasília e o Banco Votorantim.

Dos três, apenas as negociações com o Votorantim não são confirmadas oficialmente pelo BB. Mas na reunião de ontem os integrantes do Conselho discutiram a estratégia e a política de negócios que o Banco adotará em cada um dos casos.

No caso da compra do Banco do Piauí, com negociações avançadas, a solução saiu ontem mesmo. Enquanto o Conselho do BB avaliava as opções de compra, uma reunião extraordinária do Conselho de Administração do Banco do Piauí aprovou a incorporação ao BB.

Em relação aos outros casos, a conclusão das negociações pode ocorrer nos próximos dias. O BB, no entanto, não divulgou informações sobre a reunião do Conselho de Administração para não infringir as regras da Conselho de Valores Mobiliários (CVM), que exige um comunicado ao mercado sobre a compra de bancos.

NOSSA CAIXA

A negociação com a Nossa Caixa está perto de ser fechada, mas depende de três acertos, envolvendo diferentes combinações de preço, condições de pagamento e prazo.

As negociações de preço têm variado entre R$ 6,4 bilhões e R$ 7 bilhões. O governo de São Paulo quer receber à vista. Já o BB quer concluir o pagamento em três anos.

Enquanto o governador José Serra quer que todo o valor seja pago em dinheiro, o governo federal quer que uma parte do pagamento seja feita em ações do Banco do Brasil.

Segundo fontes ligadas às negociações, as duas partes estão bem próximas de um acordo e a compra poderá ser anunciada nos próximos dias.

As negociações em torno da Nossa Caixa começaram no início do ano em paralelo com a tentativa do governo de São Paulo de privatizar as Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp). Mas a venda da Cesp fracassou depois que o governo federal se negou a renovar concessões das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira. Uma fonte graduada do governo de São Paulo negou que uma eventual venda da Cesp tenha voltado à mesa de negociações.

RESULTADOS

Os conselheiros analisaram, também, o balanço do banco no terceiro trimestre. O resultado "é bom" porque contabilizou apenas 15 dias de crise. Afinal, foi a partir de 15 de setembro que a crise atingiu seu momento mais agudo.

Segundo fontes ligadas ao banco, as maiores dificuldades financeiras foram percebidas pela instituição no mês de outubro, quando houve a retração das linhas de crédito internacionais e a falta de liquidez no mercado interno.

Com as medidas adotadas pelo governo, o BB conseguiu liberar R$ 15 bilhões de compulsórios, e R$ 6 bilhões já foram utilizados na compra de carteiras de bancos, seja de crédito consignado ou financiamento de veículos.

A reunião do Conselho de Administração do BB, que é presidida pelo secretário extraordinário de reformas econômico-fiscais, Bernard Appy, durou o dia inteiro. Foi a primeira reunião do Conselho depois da edição da Medida Provisória 443, de outubro, que autoriza o BB e a Caixa Econômica Federal a comprarem instituições financeiras e empresas privadas.

Embora os bancos já possam fechar negócios com base na MP, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, está empenhado na aprovação da medida. Amanhã, ele se reunirá com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, para negociar a votação da proposta em plenário.