Título: Texto destaca stress da tripulação
Autor: Tavares, Bruno; Dacauaziliquá, José
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/2008, Metrópole, p. C4

Apontados inicialmente como os maiores responsáveis pelo acidente com o Airbus A320, os pilotos Kleiber Lima e Henrique Stefanini di Sacco tiveram sua responsabilidade relativizada no laudo feito pelo Instituto de Criminalística (IC). O texto deixa claro que não houve quebras ou falhas de equipamentos e sistemas eletrônicos da aeronave, indicando assim que foi um equívoco no manuseio das manetes que levou o jato a varar a pista do Aeroporto de Congonhas.

Os peritos, no entanto, mostram que várias informações repassadas durante o vôo entre Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP) podem ter influenciado psicologicamente os pilotos. Um desses dados dizia respeito às condições da pista. Minutos antes do pouso, conforme registrado pela caixa-preta de voz, um controlador chama a atenção para o asfalto ¿molhado e escorregadio¿. Ao fundo, é possível ouvir até mesmo um dos comandantes repetindo a fala do controlador, como se tentasse reforçar a informação para si mesmo. Afinal, o avião estava lotado (tinha 187 pessoas a bordo) e os tanques estavam cheios de combustível.

Os investigadores do IC acreditam que a decisão dos pilotos de manusear as manetes de maneira diferente da recomendada pela TAM tem a ver com uma possível ¿ansiedade¿ deles em realizar o pouso. Se bem-sucedido, o procedimento adotado por eles (levar apenas a manete correspondente ao reverso em funcionamento para a posição frenagem) rende um ¿ganho¿ de 55 metros de pista. O ¿stress emocional¿ a que os comandantes estavam submetidos e esse excesso de zelo na fase final do pouso podem ter contribuído para a tragédia.