Título: Maior número de crianças para adoção é de SP
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2008, Vida &, p. A20

Em todo o País, São Paulo é, disparado, o Estado em que há mais pessoas em busca de crianças para adotar. Segundo os dados mais recentes do Cadastro Nacional de Adoção, há 710 crianças em todo o Estado à espera de uma família. De outro lado, há 4.407 pretendentes paulistas - cerca de seis pretendentes para cada criança.

O número registrado é bastante baixo se comparado com a quantidade de crianças e adolescentes que vivem nos abrigos paulistas - nome dado aos antigos orfanatos. Isso porque a maior parte das crianças que vivem nesses locais tem família, mas está afastada dela por diversos motivos, como maus-tratos, abandono, uso de drogas e álcool.

Levantamento feito há dois anos pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social, mostrou que 67% dos abrigados de São Paulo têm pai ou mãe. Em alguns abrigos pesquisados, apenas 10% das crianças estavam aptas para adoção.

Para complicar ainda mais o cenário, são justamente as crianças mais novas que se encontram nessa situação - aquelas com menos de três anos e com as características mais desejadas pelas famílias pretendentes. Geralmente, os processos de destituição duram anos e há várias tentativas de reaproximação com a família original antes. Quando todo o trâmite é concluído, as crianças já são adolescentes e as perspectivas de adoção ficam ainda mais reduzidas.

Apesar de São Paulo ter a maior quantidade de casos, a situação se repete no restante do País - segundo o Ipea, 86% das 80 mil crianças que vivem em abrigos não estão aptas para ser adotadas.

No cadastro, o Paraná é o segundo da lista com maior número de famílias pretendentes (2.638), seguido de Minas Gerais (1.214) e do Rio de Janeiro (1.021). Nesses locais, há também grande concentração de crianças cadastradas em busca de uma família. Atrás das paulistas, vêm as do Paraná (206), do Distrito Federal (184) e de Minas Gerais (141).

Já nas regiões Norte e Nordeste, estão os Estados com o menor número de pretendentes a adotar uma criança. O Piauí não registrou nenhum pretendente. No Maranhão, há apenas um. Rondônia tem 9, e em Alagoas são 12. Na região Sudeste, por sua vez, o Espírito Santo aparece sem nenhuma família cadastrada.

Poucos pretendentes, poucas crianças. Acre e Paraíba não cadastraram nenhuma criança para adoção. E no Pará, Maranhão e Piauí só há duas em cada um.