Título: MEC fecha pólos de ensino a distância
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2008, Vida &, p. A17

Três das maiores instituições de ensino de graduação a distância terão de reduzir consideravelmente seus tamanho. A primeira supervisão feita pelo Ministério da Educação (MEC) em quatro centros de ensino superior que se dedicam a esse tipo de ensino revelou que todas têm problemas que vão de falta de coordenadores a pólos de atendimento sem infra-estrutura. Os pólos devem oferecer serviços como bibliotecas e salas para a realização de provas presenciais.

Veja a lista completa das instituições afetadas

Juntas, as quatro instituições - Universidade do Oeste do Paraná (Unopar), Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi) e Faculdade Educacional da Lapa (Fael) - concentram 46,6% dos 551.860 alunos matriculados em cursos a distância de instituições privadas.

Apenas a Unitins, que hoje tem 92 mil alunos, possui, associada com a Fael, 1.494 pólos de atendimento de ensino a distância. Desses, 1.280 terão de ser fechados. Na Uniasselvi, 60 dos 93 pólos também serão encerrados.

¿São pólos irregulares. Essas instituições cresceram muito rápido e sem atender às referências de qualidade¿, afirmou o secretário de ensino a distância do MEC, Carlos Bielschowsky.

Além de fecharem centros, Unitins, Fael e Uniasselvi terão de consertar os outros problemas nos pólos restantes. Também os vestibulares estão suspensos até segunda ordem. Novos centros só poderão ser abertos depois de cumpridos os termos de acordo assinado com o ministério. No entanto, os pólos ainda devem funcionar até que os atuais alunos terminem seus cursos.

Até agora, a única das quatro instituições que assinou o acordo foi a Unopar, a única que não precisará fechar nenhum dos seus 357 centros. Mas a Unopar deverá cortar cerca de 15 mil vagas nos próximos vestibulares, limitando-as a 35 mil. Também terá de contratar coordenadores pedagógicos para os pólos de ensino, rever o material didático e o sistema de avaliação.

¿Nós começamos com educação a distância em 2003. Na época ainda não havia referencial, que só foi criado em 2007. Já tínhamos feito uma auto-avaliação e sabíamos das deficiências. Estamos corrigindo-as.¿

A Uniasselvi disse estar preparando as mudanças exigidas pelo MEC e justifica as deficiências pelo fato de ter sido criada em 2005, dois anos antes de a atual legislação entrar em vigor.

Procurada pelo Estado, a Unitins não retornou as ligações até a noite de ontem.

As quatro instituições foram as primeiras a passar pelo crivo do MEC, mas não serão as únicas. Já está nas mãos dos técnicos do ministério o relatório de outras quatro instituições. Entre elas, a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), que iniciou na área há menos de três anos e já tem mais de 75 mil alunos em todo o País.

Também estão com relatórios prontos a Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), a Universidade Castelo Branco, do Rio de Janeiro e a Universidade Cidade de São Paulo, com 9 mil estudantes.

Até fevereiro do ano que vem, o ministério pretende já ter supervisionado 80% das 109 instituições que oferecem ensino a distância. Dessas, 49 são privadas.

NÚMEROS

551.860 alunos estão matriculados hoje em cursos a distância oferecidos por instituições privadas

46,6% desses alunos estão concentrados nas quatro instituições que já passaram por supervisão do MEC e terão de cumprir o acordo de saneamento

15 mil vagas no vestibular da Unopar (única das 4 avaliadas que não terá nenhum pólo fechado) terão de ser cortadas. A instituição terá de rever o material didático