Título: Presidente do Rural está entre acusados por mensalão tucano
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2008, Nacional, p. A9

Apontado no inquérito da Polícia Federal como integrante do núcleo político da campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, o atual presidente do Banco Rural, João Heraldo Lima, integra o grupo de 24 dirigentes e ex-dirigentes da instituição financeira denunciados pela Procuradoria da República em Minas por crimes relacionados ao chamado mensalão tucano mineiro. Lima, ex-secretário da Fazenda de Azeredo, assumiu há cerca de dois meses a presidência executiva do Rural, em substituição a Kátia Rabello, também denunciada e presidente do conselho administrativo do banco.

O Rural foi classificado na denúncia do MPF em Belo Horizonte como ¿peça-chave no esquema de corrupção¿ durante a tentativa frustrada do atual senador para mais um mandato à frente do Palácio da Liberdade. A acusação formal apresentada em novembro do ano passado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, apontou desvio de pelo menos R$ 3,5 milhões dos cofres públicos do Estado para a campanha de Azeredo, por meio do suposto esquema que tinha como figura-chave o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza - e considerado o ¿embrião¿ do mensalão no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Documento que balizou a denúncia do procurador-geral - que ainda será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) -, o inquérito assinado pelo delegado Luiz Flávio Zampronha indicou o Rural como uma das fontes de recursos para a campanha, classificando Lima como ¿um dos `homens fortes¿ do governo de Eduardo Azeredo¿, que ¿passou a ocupar um elevado cargo nesta instituição financeira após as eleições de 1998¿.

A sistemática descrita era a obtenção de empréstimos por meio das empresas de Marcos Valério para ¿investir na campanha eleitoral de Azeredo¿ ou remunerar os sócios das agências pelos ¿serviços criminosos prestados¿.

O Estado tentou contato ontem com Lima, mas a assessoria do Rural informou que nenhum dirigente do banco irá se pronunciar antes da citação oficial.

Os advogados dos outros acusados reiteraram que desconhecem o inteiro teor das denúncias e também não irão fazer comentários enquanto os clientes não forem oficialmente notificados das acusações.