Título: Uma história de escândalos
Autor: Lacerda, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2008, Economia, p. B6

A história da Nossa Caixa, fundada em 1916, sempre foi permeada por escândalos. Ora surgiam acusações de favorecimento de empresas nos financiamentos, ora de desvio de recursos.

Um dos presidentes mais controversos do banco, à época Caixa Econômica do Estado de São Paulo, foi Eduardo José de Souza Prianti. Ele ocupou o cargo entre o fim da década de 70 e o começo dos anos 80, nomeado pelo governador da época, Paulo Maluf. Perdeu o cargo depois de uma série de acusações de liberação de financiamentos irregulares para empresas.

O caso resultou em uma Comissão Especial de Inquérito (CEI). Em depoimento, Prianti resumiu a política adotada durante décadas. Disse que em sua gestão o Palácio dos Bandeirantes fez vários pedidos para que o banco facilitasse créditos para empresas e pessoas indicadas pelo governo.

Como governador, em 1983, Franco Montoro mandou investigar os tempos de torneiras abertas do banco - quando foram governadores Maluf e José Maria Marin - e chegou a um número escandaloso: os desvios chegavam a Cr$ 150 milhões (de cruzeiros). Os recursos da caderneta de poupança deveriam ser destinados à construção civil, mas cobriram rombos no Banespa e em aplicações em outros setores, como a Paulipetro.

O problema se repetiu em 1987. O governador Orestes Quércia foi acusado de desviar o dinheiro da casa própria para financiar empresas. Na época, o Sindicato dos Bancários acusou Quércia de contratar 500 pessoas sem concurso. ¿São afilhados de Quércia¿, afirmou o sindicato, na ocasião.

Em 1988, outro escândalo. A equipe de Flávio Chaves, presidente do banco, foi acusada de cobrar comissão para liberar financiamentos. Dois anos depois, mais uma bomba. Quatro dias antes de pedir a concordata, a Vega Sopave recebeu um milionário empréstimo.

De tempos em tempos sugiram propostas para que o banco ganhasse outros contornos. Na década de 50 já se falava na federalização das instituições estaduais. O Banco Central voltou à carga nos anos 70 com a proposta de encampar esses bancos. Em 1996, com a crise de muitas instituições financeiras, surge a idéia de fundir o Banespa e a Nossa Caixa. Mário Covas decidiu investir na reestruturação e no ganho de eficiência.