Título: Depois que passa, nem parece que foi com você
Autor: Iwasso, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/11/2008, Vida &, p. A24

¿Depois que passa, nem parece que aconteceu com você¿, conta a advogada Karina Tostes Bonato, de 32 anos. ¿Mas no momento é um sentimento muito intenso¿, diz ela. Após o nascimento de seu filho Guilherme, Karina conviveu com uma depressão pós-parto leve por quatro meses. Ela chorava muito (até na consulta com o pediatra havia choro), não conseguia dormir e, por vezes, não tinha vontade nem mesmo de cuidar do bebê - o contato com a criança era difícil.

¿Eu o culpava pelo que eu estava passando. Muita gente não admite que teve esse sentimento pelo filho, mas acontece.¿

A advogada consegue enumerar os fatores que a deixaram mais vulnerável e frágil tanto durante a gestação quanto depois do nascimento do filho: a gravidez veio durante um namoro, o pai da criança foi convocado para trabalhar como médico do Exército em Brasília justamente durante a gravidez, ela teve problemas de saúde e quase sofreu um aborto espontâneo. Depois, como trabalha como autônoma, conseguiu ficar em casa só por 10 dias com o filho antes de encarar a rotina de trabalho novamente.

¿Deixava ele com a babá e ia para o fórum, ia para audiências e voltava para casa no fim do dia. Exausta e culpada. Sem vontade de cuidar dele direito.¿

A melhora começou com o apoio da irmã, que passou a morar com ela durante a semana. Do namorado, que comprava passagens e viajava até Ribeirão Preto para passar ao menos uns dias com ela, e do médico, que percebeu a situação e indicou antidepressivo e terapia. Aí o peso foi diminuindo. ¿A terapia foi muito importante. Lá caiu a ficha de que precisava delegar tarefas.¿

Hoje, Karina está tranqüila e diz que a maternidade valeu a pena. ¿Vê-lo crescer, estar perto em cada sorriso dele é o meu maior presente.¿