Título: Obama manterá secretário de Bush
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2008, Internacional, p. A9
A ABC News e o jornal The Politico informaram ontem que o atual secretário de Defesa, Robert Gates, concordou em permanecer no cargo por pelo menos um ano no governo de Barack Obama. O presidente eleito pretende anunciar sua equipe de segurança nacional no início da semana que vem, incluindo a senadora Hillary Clinton como secretária de Estado; James Steinberg, número 2 no Conselho de Segurança Nacional no governo Bill Clinton, como subsecretário de Estado; e o almirante Jim Jones, ex-comandante da Otan na Europa, como conselheiro de Segurança Nacional.
A opção pela permanência de Gates seria o cumprimento da promessa de formar um gabinete bipartidário e dá mais força para os planos de Obama de retirar os soldados americanos do Iraque, agora sob a supervisão de um dos arquitetos do conflito e alguém ligado ao presidente George W. Bush.
Os rumores da permanência de Gates surgiram no início das especulações sobre a formação do gabinete. Fontes ligadas a Obama e ao atual secretário de Defesa disseram que os dois passaram as últimas semanas negociando os futuros poderes de Gates e definindo como o Pentágono deverá ser administrado de agora em diante.
Obama também anunciou que adotará um plano minucioso de corte de gastos do governo, com a eliminação de programas desnecessários, o que poderia incluir alguns subsídios agrícolas, ao mesmo tempo em que colocará em prática o pacote de estímulo econômico, que pode chegar a US$ 700 bilhões.
¿Um relatório do governo diz que fazendeiros milionários receberam US$ 49 milhões em subsídios agrícolas entre 2003 e 2006. Se for verdade, esse é o exemplo ideal do tipo de desperdício que vai acabar no meu governo¿, disse Obama. Tratou-se de uma referência a um estudo divulgado ontem pelo Escritório de Supervisão do Governo, segundo o qual cerca de 2,7 mil produtores - de um total de 1,8 milhões - receberam US$ 49 milhões em subsídios entre 2003 e 2006. Esses beneficiários faturam mais de US$ 2,5 milhões por ano e boa parte de suas atividades não tem nenhuma relação com a agricultura, o que, teoricamente, não os qualificaria para receber dinheiro público.
Apesar da referência, Obama não detalhou sua proposta nem deixou claro se promoveria cortes significativos de subsídios agrícolas, que consomem entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões por ano.
Ao anunciar seu diretor do Escritório de Orçamento e Administração, Peter Orszag, ele enfatizou os sacrifícios que os americanos terão de fazer durante a crise. ¿Se quisermos realizar os investimentos que precisamos, teremos de cortar os gastos que não são necessários¿, disse. ¿Nesses tempos difíceis, em que encaramos déficit em alta e economia em baixa, reforma orçamentária não é uma opção, é um imperativo. Não podemos manter um sistema que sangra bilhões de dólares dos contribuintes em programas que não são mais úteis ou existem apenas por causa do poder de políticos e lobistas.¿