Título: Especialista vê interferência
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2008, Nacional, p. A4
O físico Leandro Teffler, coordenador executivo do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), criticou ontem a aprovação, pela Câmara, do projeto que torna obrigatória a adoção do sistema de cotas, com recorte racial, nas escolas federais. Para o especialista - um dos idealizadores do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social da Unicamp, implantado em 2005 -, o projeto interfere na autonomia das universidades e ignora as diferentes realidades do País.
¿As universidades precisam ter autonomia para decisões desse tipo e procurar o modelo mais adequado à sua realidade¿, afirmou. Segundo o especialista, há lugares do País onde não existe demanda para as cotas determinadas - correspondentes a 50% das vagas: ¿Em poucos lugares vamos encontrar uma demanda nesse nível¿.
Outro problema identificado por Teffler é a limitação que a lei pode impor à busca de soluções para a inclusão social: ¿O projeto faz tábula rasa de todos os projetos de ação afirmativa. Parece que a única ação possível é a reserva de cotas¿.
O sistema de cotas da Unicamp tem um recorte racial, semelhante ao do projeto votado na Câmara. ¿O conselho universitário quis deixar claro que a instituição está preocupada com a questão da diversidade no corpo discente.¿
Nas universidades públicas que já adotaram sistemas de cotas, a maioria optou pelo recorte racial. Uma das exceções é a Universidade de São Paulo (USP), que reservou vagas apenas para egressos de escolas públicas de ensino médio, sem preocupação com a cor da pele do candidato à vaga.
Segundo a pró-reitora da área de graduação da USP, professora Selma Garrido Pimenta, essa opção tem uma razão clara: a constatação de que a grande maioria dos estudantes que cursam o ensino médio o faz em escolas públicas e que, por outro lado, o maior número dos que entram na USP vem de escolas particulares e de pré-vestibulares. ¿Decidimos mudar esse quadro, ampliando o número de estudantes de escolas públicas na USP¿, disse a professora. ¿Essa é a nossa política.¿