Título: Blackberry lança rival para o iPhone
Autor: Cruz, Renato; Marques, Gerusa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2008, Negócios, p. B12

O BlackBerry, um aparelho que combina as funcionalidades de telefone celular e leitor de e-mails e há poucos anos era fácil de ser encontrado preso aos cintos de profissionais de alto padrão, não é mais apenas para os obcecados pelo trabalho.

A Research In Motion (RIM), fabricante do BlackBerry, lançou ontem seu primeiro contra-ataque de maior peso contra o iPhone: o Storm, com tela sensível ao toque e permite tirar fotos, exibir filmes, tocar músicas e visitar com facilidade suas páginas no Facebook e MySpace. O aparelho até orienta os motoristas perdidos no trânsito.

Durante anos, a RIM, empresa canadense com sede em Waterloo, Ontário, foi a fornecedora de fato dos dispositivos de e-mail para as corporações. Mas, agora, busca o consumidor. Sua primeira campanha publicitária para o grande público foi lançada este ano, na televisão, e a empresa está firmando uma parceria com a operadora americana Verizon Wireless.

¿Foi apenas no ano passado que eles fizeram um esforço coordenado para chegar até o consumidor¿, disse Barry Richards, um dos principais analistas da Paradigm Capital e dono de ações da RIM.

A RIM está tentando ampliar a sua fatia de mercado conforme os consumidores sintonizados nas últimas tendências tecnológicas acolhem o smartphone, que consiste em um minicomputador de mão capaz de fazer chamadas, navegar na internet, conferir e-mail e, quem sabe, até assistir televisão.

Os smartphones representam 12,6% dos celulares utilizados no mercado americano, mas representam também 19% dos aparelhos adquiridos recentemente, de acordo com a Nielsen Mobile. ¿O mercado de smartphones tem muito espaço para se expandir e estamos bem posicionados para nos beneficiarmos do nosso contínuo foco na inovação, no valor ao consumidor e nas parcerias¿, disse Mark Guibert, vice-presidente de marketing corporativo da RIM.

Como outras fabricantes de dispositivos portáteis, a RIM enfrenta a concorrência do iPhone, da Apple, cujas vendas surpreenderam os analistas desde o seu lançamento, em junho de 2007. Segundo o NPD Group, o dispositivo da Apple foi o telefone mais vendido no terceiro trimestre, seguido pelo Razr, da Motorola, e pelo BlackBerry Curve.

Essa notícia não é boa para operadoras como a Verizon Wireless e a Sprint Nextel, que, juntas, perderam, em um trimestre, 2 milhões de assinantes para a AT&T, operadora exclusiva do iPhone, disse Richards.

As operadoras estão especialmente interessadas em conquistar os fregueses do smartphone porque, apesar de a maioria das pessoas nos Estados Unidos dispor de planos de voz, um público muito menor possui planos de dados, muito mais lucrativos para as operadoras, disse Jim Ricotta, diretor-executivo da Azuki Systems, uma empresa de serviços de mídia celular.