Título: Estados do Norte e Nordeste pedem já reforma tributária
Autor: Madueño, Denise; Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2008, Nacional, p. A9

O governo decidiu enfrentar as resistências da oposição e da própria base para, com a ajuda dos governadores do Norte e do Nordeste, tentar votar a reforma tributária nas três últimas semanas que restam de trabalho na Câmara neste ano. Conscientes da dificuldade em aprovar o projeto, os líderes da base disseram que pretendem votar o texto básico e deixar para fevereiro ou março a votação dos pontos mais polêmicos.

Essa seria uma forma de disfarçar o fracasso da reforma e indicar que o governo está empenhado em aprovar as mudanças. Os líderes aliados se reuniram com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para acertar a inclusão do projeto na pauta do plenário e pedir que ele se empenhasse em conversar com a oposição.

Chinaglia cobrou dos líderes uma atuação mais clara e mobilização eficaz para inserir a proposta na pauta. Ele está mais interessado em votar a proposta de emenda constitucional que muda a edição e a tramitação das medidas provisórias. Essa é uma de suas promessas feitas há dois anos, quando disputou a presidência da Casa.

A oposição tem obstruído todas as votações, incluindo a do projeto prioritário de Chinaglia, para não abrir espaço para a reforma - prioridade do governo, defendida pelo líder Henrique Fontana (PT-RS).

Chinaglia reafirmou que o primeiro item de votação, depois das duas medidas provisórias que trancam a pauta, será a continuidade do projeto das MPs. Ele convocou sessão para segunda-feira e avisou que cortará o salário dos ausentes.

PRESSÃO

¿Temos de levar o texto (da reforma) para o plenário. Vamos começar a votar neste ano¿, afirmou o líder do PR, Luciano Castro (RR), após reunião dos líderes da base com Chinaglia.

Em reunião com os líderes da oposição, pela manhã, o relator da proposta, Sandro Mabel (PR-GO), chegou a jogar a toalha e admitir a votação em março. No plenário, o líder do PSDB, deputado José Aníbal (SP), anunciou que a oposição concordava com a proposta de Mabel e defendeu a discussão de um texto durante os próximos meses para ser votado em abril.

¿Agora temos o compromisso da oposição de que a reforma será votada. Se, em março, ela não for votada, vamos dar o débito - porque a população vai continuar pagando mais imposto - para esses partidos e seus governantes¿, afirmou o relator, ao chegar ao Ministério da Fazenda para uma reunião com governadores das regiões Norte e Nordeste sobre a reforma.

Os governadores, no entanto, defenderam a votação neste ano. O governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), disse que há consenso no Norte e Nordeste para votar a reforma já. ¿É óbvio que Serra não pode achar que só São Paulo tem direito a se desenvolver¿, criticou.