Título: Ministro do Interior renuncia
Autor: Mazzetti, Mark; Baker, Peter
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2008, Internacional, p. A10

A Índia começou ontem a atribuir responsabilidades aos membros do governo pelos atentados de Mumbai. A primeira vítima foi o ministro do Interior, Shivraj Patil, que não suportou a pressão e renunciou, assumindo a ¿responsabilidade moral¿ por todas as falhas de segurança. Mayankote Narayanan, conselheiro de Segurança Nacional, também deixou o cargo. A vulnerabilidade do país a ataques terroristas colocou o primeiro-ministro, Manmohan Singh, sob fogo cerrado. A principal incerteza que recai sobre o governo é saber se era ou não possível evitar a tragédia.

A revolta geral aumentou após a publicação ontem de uma reportagem do jornal The Indian Express que afirma que o ministro da Defesa, Arackaparambil Antony, entregou um relatório ao Parlamento, em 2007, alertando para a vulnerabilidade da Marinha e da Guarda Costeira indianas. De acordo com o relatório, Antony teria apontado a possibilidade de o país sofrer um ataque por mar nos mesmos moldes do atentado de Mumbai.

As principais críticas da população e da opinião pública são a respeito da inexperiência das forças de segurança, incapazes de resolver o caso de maneira rápida e eficiente e mal equipadas para combater os terroristas. Depoimentos de policiais e comandantes militares revelaram carência de equipamentos básicos. Os franco-atiradores, por exemplo, não tinham armas com mira telescópica e sensores infravermelhos.

No sábado, um dos atiradores de elite, que ficou 60 horas apontando sua arma para o Taj, disse que, durante o fogo cruzado entre terroristas e forças de segurança, nem ele nem seu parceiro dispararam uma só vez porque não conseguiam distinguir os reféns dos militantes.

Os policiais de Mumbai, que recebem salários baixíssimos, na maioria das vezes patrulham as ruas com apenas um cassetete. Até mesmo os Gatos Negros, como são conhecidos os comandos mais bem treinados do país que cercaram os hotéis Taj Mahal e Oberoi, reclamaram que foram prejudicados por coletes à prova de bala ultrapassados, enormes e pesados, que restringiram os movimentos da tropa.

ATRASO

Além disso, ninguém tinha sequer um mapa do Taj e os soldados tiveram de ser orientados por um funcionário do hotel. Ficou evidente também a falta de integração e de informações trocadas entre agências do governo, inteligência, militares e polícia.