Título: Índia exige que Paquistão entregue 20 suspeitos de terrorismo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2008, Internacional, p. A10
O governo da Índia intensificou ontem sua pressão sobre o Paquistão e exigiu a entrega de 20 suspeitos de terrorismo que estariam escondidos em território paquistanês. Na véspera da visita da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, a Mumbai (ex-Bombaim), o chanceler indiano, Pranab Mukherjee, também ameaçou suspender o processo de paz com o Paquistão caso Islamabad não dê uma resposta contundente aos ataques da semana passada no país.
Ontem, o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, negou que seu país tenha envolvimento nos ataques, alegando que os terroristas são ¿apátridas¿. Nova Délhi enviou anteontem ao alto comissário do Paquistão na Índia, Shahid Malik, uma lista com nomes de 20 suspeitos. Fontes ligadas ao governo afirmaram que entre os supostos terroristas mencionados estão Dawood Ibrahim, líder do submundo do crime de Mumbai; e Masood Azhar, clérigo muçulmano.
Apesar de Nova Délhi ter afirmado que não está considerando uma resposta militar para os ataques que deixaram cerca de 200 mortos, Mukherjee disse que a Índia reserva seu direito de adotar medidas para proteger seus cidadãos. ¿Não estou dizendo que tomaremos medidas militares, mas que qualquer país soberano tem o direito de proteger sua integridade territorial e adotar ações apropriadas quando achar necessário.¿
O chanceler ainda indicou que o processo de paz iniciado em 2004 com o Paquistão pode estar em risco. ¿Não temos a intenção de não seguir adiante com o processo de paz¿, afirmou Mukherjee. ¿Mas se esses incidentes não forem respondidos adequadamente pelo outro lado, será difícil continuar as negociações - e isso inclui o processo de paz.¿
Em meio ao temor da deterioração dos laços entre Islamabad e Nova Délhi, o chanceler paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, reafirmou o desejo do Paquistão de manter boas relações com a Índia. Ele afirmou que agora não é o momento para troca de acusações e Islamabad ofereceu ao governo indiano uma comissão conjunta para investigar os atentados.
¿Estamos prontos para, em conjunto, irmos até as profundezas dessa questão e montar uma equipe que possa ajudar¿, disse. Qureshi, porém, não fez nenhuma menção à lista de supostos terroristas. Já o ministro de Informação, Sherry Rehman, afirmou que o governo examinará a lista assim que receber o documento formalmente.
Ontem, a polícia de Mumbai afirmou que os militantes que cometera os ataques da semana passada foram treinados por pelo menos um ano no Paquistão e saíram de barco de Karachi. Acredita-se que o grupo tenha sido treinado por um ex-oficial do Exército paquistanês, além de pertencer ao grupo Lashkar-i-Taiba, que luta contra o que chama de ¿ocupação indiana¿ de parte da Caxemira. O diretor de Inteligência Nacional dos EUA, Mike McConnell, acusou ontem o Lashkar-i-Taiba de ser responsável pelos ataques.