Título: Anvisa restringirá remédios com CFC
Autor: Gonçalves, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2008, Vida &, p. A28

A produção e importação de medicamentos com o gás clorofluorcarbono (CFC) será suspensa no dia 1º de janeiro de 2011. O CFC é um dos principais responsáveis pela destruição da camada de ozônio, que protege a Terra das radiações ultravioletas do Sol, nocivas à saúde. Os remédios afetados pela medida são inaladores utilizados em casos de asma e doença pulmonar obstrutiva crônica - as tradicionais bombinhas.

O prazo foi instituído em uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada quarta-feira no Diário Oficial.

A coordenadora de medicamentos sintéticos da Anvisa, Balbiana Sampaio Oliveira, sublinha que o CFC não representa risco algum para a saúde das pessoas que utilizam os remédios. ¿A única motivação para a medida foi ambiental¿, afirma Balbiana.

No total, 12 medicamentos disponíveis no mercado serão afetados pela resolução. Metade é produzida no Brasil.

A partir do dia 31 de julho de 2009, os fabricantes dos remédios com CFC deverão incluir uma advertência no rótulo: ¿Este medicamento contém substâncias que agridem a camada de ozônio e por isso será substituído. Procure seu médico para orientações.¿

Mas Balbiana prevê que a maior parte das farmacêuticas substituirá o CFC na composição dos seus produtos antes da data limite, para evitar a mensagem no rótulo.

O gerente de Pesquisas, Ensaios Clínicos, Medicamentos Biológicos e Novos da Anvisa, Jorge Samaha, explica que já existem alternativas ao CFC. ¿O gás hidrofluoralcano (HFA) apresenta eficácia semelhante ao CFC e é vantajoso quanto ao custo¿, considera Samaha.

Oito remédios presentes no mercado brasileiro já substituíram o CFC pelo HFA. Outros cinco já possuem apresentações equivalentes com HFA aprovadas pela Anvisa.

Balbiana esclarece que a resolução não restringe a comercialização, mas só a importação e a produção. Na prática, será possível encontrar nas farmácias medicamentos com CFC enquando durarem os prazos de validade dos remédios produzidos em dezembro de 2010. Teoricamente, uma bombinha com prazo de validade de 36 meses poderia ser comprada ainda em dezembro de 2013.

ÚLTIMA FASE

As mudanças no setor farmacêutico representam a última fase do processo de erradicação do consumo de CFC no País. O setor de refrigeração doméstica, industrial e comercial e o setor de espumas, esterilizantes e solventes já substituíram o gás. Em 1993, o Brasil consumia 11 mil toneladas de CFC. No ano passado, foram 318.