Título: Câmara reage com frieza à absolvição de Paulinho
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2008, Nacional, p. A6

No dia seguinte à absolvição do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, pelo Conselho de Ética da Câmara, o corporativismo falou mais alto e os deputados evitaram criticar a decisão. A maioria deu o caso por encerrado. O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), transferiu a responsabilidade pela não cassação do mandato de Paulinho para o Conselho de Ética.

Galeria de fotos: Paulinho comemora absolvição

Confira a cronologia do caso e as acusações

¿Foi o Conselho de Ética que o julgou. Os que estão lá foram indicados por seus líderes. Se um líder indica mal alguém para uma função, esse líder tem responsabilidade por isso¿, disse Chinaglia. Ele observou que se sentia ¿impossibilitado de fazer qualquer julgamento de mérito¿ sobre o caso. Paulinho é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal sob a acusação de participar de esquema de desvio de verbas do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). ¿Para mim fica difícil julgar quem tem o papel de julgar¿, afirmou.

Chinaglia não demonstrou estar preocupado com o desgaste da imagem da Câmara com a absolvição de Paulinho. ¿Não me oriento por aquilo que alguém pode pensar ou deixar de pensar. Me oriento pelas leis.¿

Nem mesmo o fato de Elza de Fátima Costa Pereira, mulher do deputado, ter sido indiciada criminalmente pela Polícia Federal sob a acusação de lavagem de dinheiro provocou indignação dos parlamentares. ¿A crise de imagem do Congresso não está nesses episódios. O desgaste está na baixa eficiência, baixa produtividade do Congresso¿, argumentou o deputado Flávio Dino (PC do B-MA).

¿Deixei os deputados do PT à vontade para julgar de acordo com as provas dos autos e votar como queriam¿, disse o líder do PT na Câmara, deputado Maurício Rands (PE). ¿Qualquer episódio de acusação contra seus membros desgasta a imagem do Parlamento¿, admitiu. Os dois deputados do PT no Conselho de Ética - Leonardo Monteiro (MG) e Fernando Melo (AC) - votaram contra a cassação.