Título: Sentença de Dantas é sinalização para sociedade, diz PF
Autor: Macedo, Fausto; Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2008, Nacional, p. A7

O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Luiz Fernando Corrêa, avaliou ontem que a condenação imposta ao banqueiro Daniel Dantas por crime de corrupção ativa ¿é uma sinalização para a sociedade, uma mensagem¿. Ele reiterou que a meta da PF é aperfeiçoar a repressão ao crime organizado e afirmou que ela está empenhada em fechar o cerco a personagens que ¿até bem pouco tempo atrás se achavam inalcançáveis¿.

O controlador do Grupo Opportunity foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$ 13, 4 milhões na ação penal em que é acusado de tentar subornar delegados da PF em troca do engavetamento do inquérito Satiagraha. Também foram condenados o empresário Humberto Braz, ex-presidente da Brasil Telecom, e o lobista Hugo Chicaroni, supostos emissários de Dantas que pegaram, cada um, 7 anos e um mês de prisão. Os três condenados poderão recorrer em liberdade.

O diretor da PF não quis comentar especificamente a dosagem da pena para Dantas. ¿O tempo da condenação, se é muito ou pouco, eu não comento. É de livre arbítrio do juiz. O que importa é que (a sentença) mostra que os dados levantados pela PF tinham fundamento, que a qualidade da prova é boa.¿

Corrêa considera que o delegado Protógenes Queiroz, mentor da Satiagraha, pode ter realizado um bom trabalho enquanto esteve à frente da investigação, mas advertiu: ¿O mérito técnico não autoriza ninguém à inobservância de normas internas de procedimentos operacionais¿.

O diretor-geral observou que ¿o comportamento do policial tem de ser pautado pela transparência, pelo emprego de métodos operacionais corretos, porque isso dá tranqüilidade jurídica tanto para a PF como para a sociedade¿.

ABIN

Corrêa apoiou a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que autoriza a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a acompanhar a perícia em computadores, HDs, pendrives e mídias de armazenamento apreendidos pela PF na sede do Centro de Operações do órgão, no Rio. ¿A medida não inova, não muda o curso, nem atrapalha a nossa investigação¿, declarou o diretor.

O veto à fiscalização da Abin havia sido determinado pelo juiz Ali Mazloum, da 7.ª Vara Federal de São Paulo. Mas o TRF o derrubou, acolhendo recurso da Advocacia-Geral da União .

CPI

Sem ter produzido até aqui nenhuma investigação com potencial de desgastar o governo, a CPI dos Grampos foi prorrogada por mais 60 dias, descontado o período de recesso parlamentar. O relator da comissão, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), disse que vai usar o período do recesso legislativo, entre dezembro e fevereiro, para elaborar seu parecer. ¿Vamos dedicar a próxima semana a ouvir juristas no que diz respeito às escutas. Em fevereiro e março, haverá a apresentação do relatório final. Vou aproveitar o recesso para analisar documentos¿, afirmou.

COLABOROU ANA PAULA SCINOCCA