Título: Não queremos demissões, mas somos obrigados a pensar
Autor: Graner, Fabio; Abreu, Beatriz
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2008, Economia, p. B3

O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, vê indícios de melhora no mercado internacional, mas enquanto os sinais não ficam nítidos, a CSN está transformando toda a matéria-prima em produto acabado e postergando as demissões. ¿Não queremos demissões, mas somos obrigados a pensar.¿ A seguir, trechos da entrevista.

O senhor alterou a produção?

Ainda não reduzimos a produção. O mercado ficou mais fraco. Agora existe uma convergência: dezembro é fraco e a perspectiva da crise é grande. Como o Brasil está atrasado nos efeitos da crise, sentiu o impacto agora. Qualquer decisão tomada hoje seria precipitada porque o quadro pode melhorar em janeiro e a atividade retomar devagarinho. É claro que não será no embalo que vinha. Mas, se não houver a parada que houve lá fora, se tivermos uma diminuição lenta e progressiva, talvez a crise não seja tão longa. Vamos nos fingir de mortos até dezembro. Atualmente estamos ¿comendo¿ todas as matérias-primas e transformando-as em aço. As compras de insumos estão suspensas desde novembro.

Há algum indício de melhora?

O preço da sucata subiu muito de US$ 120 para US$ 180 a tonelada nos últimos dez dias, que é uma sinalização importante. A cotação da sucata é a primeira que cai e a primeira que se recupera. Temos notícias que a China começa a voltar ao ritmo de produção e está demandando mais minério de ferro. Se a China melhorar, melhora o mundo inteiro. Não quero ser otimista, mas não quero ser pessimista. Os indícios são de melhora concreta, não é torcida.

Demissão nem pensar?

Não queremos demissões, mas somos obrigados a pensar.