Título: Comércio global deve ter primeira freada desde 1982
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2008, Economia, p. B12

O Banco Mundial (Bird) avalia que a crise financeira global reduziu as perspectivas de crescimento dos países em desenvolvimento, deverá causar a primeira contração do comércio mundial desde 1982 e fez com que o preço mundial de commodities despencasse.

As conclusões constam do relatório Global Economic Prospects (Perspectivas Econômicas Globais) divulgado ontem pelo Banco Mundial (Bird).

O relatório estima que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial crescerá neste ano 2,5%, mas apenas 0,9% no ano que vem. O índice de crescimento dos países emergentes, segundo o Bird, será de 4,5% em 2009, taxa bem inferior à de 2007, que foi de 7,9%.

O órgão avalia que o comércio mundial sofrerá uma contração de 2,1% em 2009 e que os emergentes sofrerão fortes quedas em suas exportações.

INVESTIMENTOS

O Bird prevê também que haverá uma desaceleração no investimento tanto em países ricos como em nações emergentes no ano que vem.

De acordo com a instituição, a queda de investimentos nas nações ricas será de 1,3%. E o aumento de investimento nos países emergentes será de meros 3,5%, ante 13% registrado em 2007.

¿As pessoas no mundo desenvolvido tiveram de lidar com grandes choques externos, a alta de preços de alimentos e de combustíveis seguida da crise financeira (...) que está pondo o sistema bancário à prova e ameaçando perdas de empregos em todo o mundo¿, afirma Justin Lin, economista-sênior do Bird.

Para Uri Dadush, diretor do grupo responsável pela realização do relatório para o Banco Mundial, a despeito do declínio do comércio mundial, os políticos tanto de países emergentes como de nações ricas devem ¿'conter a tentação de recorrer ao protecionismo, que apenas irá aprofundar e prolongar a crise atual¿.

INVESTIMENTOS SOCIAIS

Segundo o Bird, a maior parte dos países emergentes reagiu à alta de alimentos e de combustíveis ampliando programas de investimentos sociais capazes de prevenir a má nutrição e seus efeitos de longo prazo.

Muitos governos chegaram a gastar 2% de seus PIBs em programas assistenciais, mas, por causa das falhas cometidas na implantação desses projetos, apenas 20% desses investimentos chegaram às pessoas necessitadas, segundo o estudo.

O Bird, no entanto, oferece algumas perspectivas otimistas, ao dizer que já há ligeiros sinais de recuperação, como a a estabilização do setor de moradia nos Estados Unidos e uma melhora nas condições de crédito americanas, devido aos pacotes de investimentos implantados pelo governo dos Estados Unidos.