Título: Protógenes agora quer indenização da PF
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2008, Nacional, p. A13

O delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, responsável pela prisão do banqueiro Daniel Dantas, afirmou ontem no Recife que vai entrar na Justiça com um pedido de indenização contra a Polícia Federal, que o afastou da investigação e do setor de inteligência da corporação. ¿Não por mim, mas pela minha família¿, justificou, em entrevista coletiva.

¿A sociedade recebeu com indignação os procedimentos contra mim, minha família e meus colegas. Minha intenção é buscar reparação¿, afirmou. O delegado destacou, porém, que não tem pressa - o prazo para entrar com a ação é de 20 anos.

Protógenes informou que não vai à Justiça contra nenhum veículo da imprensa, apesar de acusá-la de ter colaborado com o ¿banqueiro bandido¿ na criação de provas contra ele. ¿A imprensa deve ter liberdade e assumir as responsabilidades futuras.¿

Ele disse que ¿a maior indenização¿ que recebe da grande mídia é quando as pessoas o procuram dizendo que pararam de ler determinadas publicações que ¿fabricaram mentiras¿. ¿A reparação está sendo feita pela sociedade brasileira.¿

O delegado reforçou não ter intenção de entrar na política. ¿Contribuo mais com a sociedade como delegado da PF¿, declarou, antes de participar de debate sobre corrupção e Estado de Direito, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Pernambuco.

Protógenes voltou a dizer que a PF deveria se tornar um órgão independente, nos aspectos funcional, administrativo e financeiro. ¿Vou lutar Brasil afora para que isso se torne debate público e a população venha a engrossar fileiras conosco para fazer da PF um órgão independente que vai defender os interesses da sociedade.¿

Lembrado do caso do jornalista que atirou os sapatos contra o presidente dos EUA,George W. Bush, Protógenes foi indagado sobre quem deveria ser alvo de algo semelhante no Brasil. Sem dar o nome, respondeu que seria alguém que ele deveria ter prendido. O presidente local do PSOL, Edílson Silva, responsável por sua ida ao Recife, disse que o alvo seria o chefe do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Protógenes desconversou.

REAÇÃO

O criminalista Nélio Machado, defensor de Dantas, ironizou os ataques de Protógenes. ¿É falta de argumento, é pobreza vocabular. Há expressões mais adequadas. Ele poderia dizer que Daniel é uma pessoa investigada, com as garantias constitucionais¿, rebateu. ¿Para mim ele é um inconseqüente, um açodado, um precipitado. Estou na contingência de processá-lo, mas acho que a Justiça precisa se preocupar com coisas mais sérias.¿