Título: Petrobrás sonda empréstimos de até US$ 15 bi
Autor: Grinbaum, Ricardo; Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2009, Economia, p. B4

Estatal consulta maiores bancos brasileiros para voltar a captar recursos após `seca¿ de outubro

Ricardo Grinbaum e Nicola Pamplona

A Petrobrás procurou alguns dos maiores bancos brasileiros para fazer uma sondagem. Depois de enfrentar dificuldades de caixa em outubro do ano passado, agora a estatal tenta voltar a fazer uma grande captação de recursos no mercado financeiro. Segundo relato de dois banqueiros, a empresa estaria tentando obter entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões.

A Petrobrás procurou os bancos com pedidos de US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões para cada um deles. Como a sondagem ainda está em um estágio inicial, as condições dos empréstimos ainda não foram definidas. Mas a princípio fala-se em um prazo de 2 a 5 anos, considerado como um empréstimo-ponte, de curto prazo.

Os banqueiros avaliam que não se trata de uma situação de emergência, embora digam que a empresa está com um caixa mais baixo do que deveria. Para os banqueiros, a empresa tem boa imagem na praça e está aproveitando a pequena melhora no mercado para recompor o caixa e financiar seus investimentos. A oportunidade teria sido aberta pela captação iniciada ontem pelo Tesouro Nacional.

Procurada pelo Estado, a Petrobrás negou que esteja negociando uma captação. No final do ano, porém, o diretor financeiro Almir Barbassa afirmou em entrevista não descartar nova ida ao mercado no início de 2009. Desde o recrudescimento da crise financeira, em outubro, a estatal captou pouco menos de US$ 1 bilhão, em operações junto a bancos nacionais e estrangeiros, BNDES e a agência de fomento às exportações do Canadá.

Uma das operações, em especial, gerou grande polêmica: a contratação, em outubro, de um empréstimo de R$ 2 bilhões junto à Caixa Econômica Federal, parte de um esforço para garantir recursos para o pagamento de impostos e participações especiais cobradas sobre a produção de petróleo. A operação foi interpretada pela oposição como um socorro à companhia, que havia entrado no quarto trimestre de 2008 com o caixa mais baixo desde o final de 2000. Em dezembro, a operação foi renovada, com o valor ampliado para R$ 3,6 bilhões e o prazo estendido para 2011.

Ontem, Barbassa voltou a afirmar que a situação de caixa da companhia é saudável. ¿A dificuldade que houve no terceiro trimestre foi relacionada ao elevado pagamento de participações especiais e royalties devidos numa época em que o barril de petróleo ainda estava nas alturas. Isso caiu muito no quarto trimestre, com a redução do barril¿, disse o executivo. É certo, porém, que a companhia terá um enorme desembolso no final do mês, quando volta a pagar imposto de renda e royalties sobre a produção de petróleo.

Barbassa disse não saber de possíveis gestões do presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, junto a instituições financeiras. ¿Eu não estou sabendo disso, se ele estivesse fazendo isso eu saberia e eu não vejo nenhum motivo para que isso estivesse ocorrendo, disse o diretor, frisando que o ¿caixa da empresa está saudável¿. O executivo também negou que haja dificuldade da empresa honrar seus compromissos com o pagamento de tributos no fim deste mês. COLABORARAM KELLY LIMA E IRANY TEREZA