Título: Câmara barra aumento do nº de vereadores aprovado pelo Senado
Autor: Lopes, Eugênia; Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/12/2008, Nacional, p. A10

Garibaldi Alves vai ao Supremo Tribunal Federal contra Arlindo Chinaglia.

Uma crise institucional foi desencadeada ontem entre Câmara e Senado. Motivo: a decisão do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de se recusar a assinar a emenda à Constituição que aumenta em 7.434 o número de vagas de vereadores em todo o País, sem cortar gastos das Câmaras Municipais. A PEC foi aprovada na madrugada de ontem pelos senadores. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), anunciou que entra hoje com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão da Câmara.

Cientista político critica mais vagas de vereador

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Entenda a PEC que prevê mais vereadores

¿Considerar que a Mesa de qualquer das Casas pode se recusar a promulgar uma PEC legitimamente aprovada é conceder verdadeiro poder de veto não previsto constitucionalmente¿, argumentou Garibaldi. ¿Acho que foi um ato de hostilidade. Durante todo o ano tivemos um bom relacionamento com a Câmara. Isso não poderia ter sido feito sem que antes tivéssemos dialogado.¿ Ele tentou conversar por telefone com Chinaglia, mas não foi atendido.

¿Houve uma decisão política de preservar a decisão da Câmara, auxiliada por uma posição jurídica da Casa¿, justificou Chinaglia.

Aprovada no primeiro semestre deste ano na Câmara, a PEC aumentava o número de vereadores, mas determinava um corte drástico nos gastos dos legislativos municipais. De acordo com levantamentos de ONGs, o gasto com as Câmaras Municipais em 2006 foi de R$ 5 bilhões.

Os senadores mantiveram apenas o aumento das vagas de vereadores e retiraram a redução das despesas, que seria analisada a partir de fevereiro. Para não assinar a promulgação da emenda, Chinaglia alegou que a proposta foi substancialmente alterada no Senado e por isso precisa ser novamente apreciada pela Câmara.

¿No apagar das luzes de uma administração pífia como foi a do deputado Chinaglia, ele quer se notabilizar em dizer que não aprovou essa medida para fazer acenos para mídia. Isso mostra fraqueza de caráter do deputado¿, afirmou o senador César Borges (DEM-BA), relator da PEC no Senado. ¿A Câmara se rebelou contra o Supremo, contra o Senado e contra a Constituição¿, disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).