Título: Renan pode assumir liderança do PMDB
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/12/2008, Nacional, p. A6

Senador alagoano foi forçado a deixar presidência da Casa faz 14 meses

Christiane Samarco, BRASÍLIA

Uma ofensiva junto aos governadores peemedebistas, capitaneada pelo senador José Sarney (PMDB-AP), garantiu o apoio da maioria dos senadores do partido ao nome de Renan Calheiros (PMDB-AL) para o cargo de líder da legenda em 2009, exatos 14 meses depois do parlamentar alagoano ter renunciado à presidência do Senado em meio a denúncias de corrupção. A liderança faz parte do pacote com que a cúpula peemedebista e o Planalto trabalham para evitar disputa entre o PT e o PMDB na sucessão do Senado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva programa uma reunião com a cúpula do PMDB dia 12 ou 13 de janeiro, para arrancar uma definição de Sarney. Ou o senador assume de vez que é candidato, ou libera a cadeira em definitivo para uma composição com o PT de Tião Viana (AC). Um dirigente peemedebista com trânsito no Planalto informa que Lula quer esclarecer o quadro. Argumenta que, na última conversa com Sarney, ouviu do senador que não seria candidato ¿em hipótese alguma¿. A despeito da negativa, porém, seus correligionários seguem sustentando que ele é ¿candidatíssimo¿. Um interlocutor palaciano diz que, por isto mesmo, Lula pedirá à cúpula partidária que se manifeste e, se Sarney assumir o desejo de presidir o Senado, ficará ¿muito tranqüilo¿. Caso contrário, o presidente insistirá no entendimento em torno de Viana.

Com Renan acomodado, sobram duas alternativas para o atual líder Valdir Raupp (RO) no xadrez da sucessão no Senado: a primeira vice-presidência na chapa de Viana ou a liderança do governo no Congresso, caso Sarney saia candidato e seja eleito.

Hoje, porém, o cenário aponta para um confronto entre Viana e o atual presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que está em campanha aberta pela reeleição. Como a Constituição não permite o segundo mandato de presidente no curso da legislatura, o próprio Garibaldi admite que sua candidatura é duvidosa do ponto de vista jurídico. Mas pondera que assumiu um mandato tampão de pouco mais de um ano, com a renúncia de Renan, e não abre mão de sustentar seu nome como alternativa do PMDB.

Quando pede voto aos partidários de Sarney, Garibaldi reconhece que a constitucionalidade de sua reeleição pode ser questionada, mas diz que já consultou Sarney e ele só sairá candidato à última hora, na hipótese de se confirmar um impedimento de natureza jurídica a seu nome.