Título: UE pede cessar-fogo e envia missão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2009, Internacional, p. A10
Bloco reconhece que obter fim dos confrontos será tarefa difícil; Sarkozy e enviado russo também irão à região
AP, Reuters, AFP e Efe, Praga
A União Europeia pediu ontem o fim dos confrontos na Faixa de Gaza e enviou uma missão ao Oriente Médio para tentar obter uma trégua, mas reconhecendo que enfrenta uma difícil tarefa.
Os EUA, antigos aliados de Israel, vetaram no sábado uma declaração do Conselho de Segurança da ONU pedindo um imediato cessar-fogo entre o Hamas e Israel e manifestando preocupação com a escalada da violência após a incursão israelense em Gaza. A Líbia, o único país árabe no CS da ONU, havia pedido a reunião de emergência. Ontem, um comunicado do Departamento de Estado dos EUA alertou Israel que sua ação militar precisa ser ¿consciente das potenciais consequências para os civis¿: ¿É óbvio que um cessar-fogo deve ser adotado o quanto antes, mas precisamos de um cessar-fogo durável e sustentável, não limitado¿. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, cancelou uma viagem que faria à China para lidar com a crise.
A comissária de Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner, disse ontem que é ¿absolutamente necessário¿ conter a violência. Ela fez a declaração em Praga antes de partir para o Egito com a delegação do bloco liderada pelo chanceler checo, Karel Schwarzenberg, cujo país preside a UE. ¿Tentaremos abrir os acessos para a passagem de ajuda humanitária a Gaza e discutir qual condições garantiriam um cessar-fogo¿, disse Schwarzenberg.
Buscando reduzir as críticas à República Checa, Schwarzenberg disse ontem que o comentário feito no sábado por um porta-voz checo - afirmando que a invasão israelense em Gaza era ¿defensiva, não ofensiva¿ - foi um mal entendido. Os comentários sugeriram uma divisão na União Europeia.
O chanceler acrescentou que a única posição válida da presidência da UE é um comunicado divulgado no sábado à noite com um pedido de cessar-fogo e de acesso da ajuda humanitária a Gaza. A UE enviará 3 milhões em ajuda para o território palestino.
A missão, que incluirá o chefe de política externa do bloco, Javier Solana, se reunirá com líderes de Israel, da Autoridade Palestina e da Jordânia.
Na noite de ontem Ayman Taha, um alto funcionário do Hamas, anunciou que o grupo também enviará uma delegação ao Egito para discutir a crise. Seria a primeira ação ¿diplomática¿ do Hamas desde o início dos conflitos. A visita pode coincidir com a chegada ao país do presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Sarkozy, que entregou a presidência da UE à República Checa no dia 1º, viajará à região sozinho. Ele afirmou que o Hamas ¿tem uma grande responsabilidade' no sofrimento dos palestinos de Gaza, em uma entrevista para três jornais libaneses.
A Rússia, que se manifestou ¿extremamente preocupada¿ com a ofensiva terrestre em Gaza, anunciou ontem que um enviado especial viajará ao Oriente Médio para tentar obter um cessar-fogo entre israelenses e palestinos.
O premiê britânico, Gordon Brown, pediu ontem uma trégua imediata em Gaza e uma solução para o conflito que no futuro permita um Israel seguro e a criação de um Estado palestino viável.
REAÇÃO ÁRABE
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, denunciou ontem a ofensiva terrestre como ¿uma brutal agressão¿, em sua mais dura declaração sobre os nove dias de ataques de Israel contra seu rival Hamas em Gaza. Abbas disse que sua oferta de diálogo com o Hamas para discutir uma divisão de poder ainda está de pé. ¿A união nacional é coisa mais importante para nós.¿
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, condenou ontem o ¿fracasso¿ do CS da ONU em adotar uma resolução pedindo o fim imediato das operações militares de Israel. Ele disse que a Liga Árabe recorrerá novamente ao CS em busca de uma resolução.
A Jordânia declarou que tem o direito de revisar suas relações com Israel. A Jordânia e o Egito são os únicos países árabes que mantêm relações diplomáticas com Israel.
A Turquia condenou a incursão israelense, dizendo que ela só trará ¿mais sangue e lágrimas¿. E um comandante militar do Irã pediu aos países islâmicos que cortem as exportações de petróleo a todos que apoiam Israel.
A Itália, que apoia o direito de Israel à autodefesa, pediu ontem que seja feito o possível para assegurar o envio de ajuda humanitária a Gaza. O papa Bento XVI pediu o fim imediato ao conflito e disse que a história recente demonstra que ¿a guerra e o ódio não são a solução¿.
Os líderes do Senado americano manifestaram seu apoio à operação terrestre de Israel. Eles disseram que o Hamas é uma organização terrorista que ameaça Israel ao disparar foguetes contra o Estado judeu.