Título: Petrobrás reduz compra de gás da Bolívia
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2009, Economia, p. B5

As fortes chuvas e a possibilidade de o consumo de energia neste ano ser mais acanhado por causa da crise econômica levaram o governo a reduzir, desde o dia 1º deste ano, o volume de gás natural importado da Bolívia. Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a importação diária da Petrobrás caiu em cerca de 11 milhões de metros cúbicos. Com isso, o bombeamento, que era de 30 milhões de metros cúbicos diários, na média, passará para algo em torno de 19 milhões de metros cúbicos por dia.

¿Os reservatórios das nossas hidrelétricas estão abastecidos e, por isso, estamos desligando as térmicas a gás, o que é normal para um começo de ano com fortes chuvas¿, explicou o ministro.

Ele destacou, entretanto, que essa situação de redução de importação de gás da Bolívia é provisória, já que, a partir de abril, quando termina o período chuvoso, a geração nas termoelétricas a gás deverá ser retomada.

Lobão esclareceu que, mesmo daqui até abril, algumas poucas térmicas a gás ainda continuarão sendo usadas na geração de energia.

O ministro negou que a redução da importação de gás da Bolívia tenha qualquer relação com a crise econômica e com uma eventual queda do consumo de gás pelas indústrias. ¿O consumo da indústria não mudou. A única novidade é o desligamento das térmicas¿, disse.

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no dia 6 deste mês os reservatórios das hidrelétricas do Sudoeste e Centro-Oeste estavam operando a 58,03% da capacidade, No mesmo dia, no ano passado, os estoques eram bem menores, de 44,9%.

No mercado, porém, a análise é de que a tendência de menor consumo de energia - ou do próprio gás - pesou na decisão do governo. ¿O governo sabe, ainda mais com os dados mais recentes do PIB industrial, que o consumo de energia não vai ser uma maravilha. Assim, salvo algum fator excepcional, neste ano não será necessário usar nem térmicas a gás e nem usinas a óleo¿, disse o consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).