Título: Assembléia de São Paulo vai gastar R$ 7,9 mi na compra de 164 carros
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2008, Nacional, p. A4

Casa também adquire novo painel de votação, com sistema de videoconferência, ao custo de R$ 1,8 milhão

Silvia Amorim

Às vésperas de encerrar o ano, a Assembléia Legislativa de São Paulo decidiu renovar, em uma compra de R$ 9,7 milhões, o painel eletrônico de votação e toda a frota de carros de uso de deputados e funcionários.

O maior gasto será com 145 veículos modelo Corolla 1.8 Flex, da Toyota: R$ 7,2 milhões, ou R$ 49.900 cada. Eles vão substituir os atuais 120 Astra Sedan e 14 Bora, comprados em 2005. Outros 11 veículos novos vão se juntar aos carros reservas da Casa. A compra foi concluída no dia 11 e, segundo o Legislativo paulista, ficou R$ 1,6 milhão mais barata do que o previsto inicialmente - R$ 8,8 milhões.

A previsão é de que, ao fim do recesso, em fevereiro, os novos veículos estejam à disposição dos deputados e de departamentos como a presidência, as duas vice-presidências e as quatro secretarias da Mesa Diretora.

Ontem mais uma compra foi realizada. Desta vez, foram adquiridos 19 veículos - 12 Peugeot 207, 5 peruas Parati e 2 Kombis - ao custo de R$ 719 mil, totalizando R$ 7,9 milhões em 164 carros novos. Esses carros serão para uso da área administrativa, da TV Assembléia e do ambulatório médico.

O novo painel, adquirido uma semana antes em um pregão vencido pela empresa Barco Ltda., custará aos cofres estaduais R$ 1,8 milhão. Ele vai substituir o atual equipamento, que completou 13 anos de uso - instalado em 1995, é o primeiro painel eletrônico da Assembléia.

O gasto total de R$ 9,7 milhões é equivalente à folha de salário de seis meses dos 94 deputados, cujo contracheque é de R$ 14.634,06.

No caso dos carros, a presidência da Assembléia alegou que os atuais veículos, por conta da idade, estão gastando muito combustível e sua substituição se reverterá em economia para a Casa.

IMPORTADO

O painel eletrônico que, a partir de fevereiro, passará a registrar as votações no plenário será importado e contará com um sistema de videoconferência. A Assembléia argumenta que o equipamento atual está obsoleto e vem apresentando problemas durante as votações, especialmente na hora da digitação de votos, fazendo com que os deputados tenham de ir até o microfone declarar sua opção em vez de digitá-la de sua mesa. Isso estaria comprometendo a agilidade do processo de votação.

O atual painel também não permite videoconferências, recurso que, segundo o presidente da Assembléia, Vaz de Lima (PSDB), vai ajudar a aprimorar o trabalho dos deputados. O mandato do tucano no comando da Casa termina em março de 2009.

Não é a primeira vez que o Legislativo paulista recorre a compras de alto valor em fim de ano. Em 2006, a Casa gastou R$ 2,4 milhões em móveis que estão encaixotados até hoje em um depósito. A compra foi realizada meses antes da saída do então deputado Rodrigo Garcia (DEM), hoje integrante do secretariado do prefeito Gilberto Kassab, da presidência da Assembléia.

O mobiliário seria usado nos novos gabinetes dos deputados, mas a obra da nova ala do prédio não foi concluída até agora. O serviço deveria ter sido entregue em dezembro de 2006. De lá para cá, a construção foi paralisada algumas vezes e seu valor reajustado em 168% - o total hoje atinge R$ 26,8 milhões. A nova previsão de inauguração é para o segundo semestre de 2009.

VEREADORES

A Assembléia não é a única a renovar o painel de votação eletrônica neste ano. A Câmara Municipal de São Paulo também trocou seu sistema.

O novo equipamento, inaugurado em agosto, custou R$ 990 mil, quase metade do que o Legislativo estadual vai gastar. Segundo os vereadores, o painel eletrônico era de 1997 e a manutenção já não apresentava resultados satisfatórios.

Mais moderno, o painel faz a identificação do parlamentar pela pupila em pessoas com tetraplegia, como é o caso da vereadora Mara Gabrilli (PSDB). Um computador acoplado diante da poltrona da parlamentar no plenário permite, por meio de raios infravermelhos, a leitura da pupila e registra o voto dela nas sessões plenárias. Ele, no entanto, não tem a função de videoconferência.