Título: Belém abre fórum social com 90 mil pessoas hoje
Autor: Mendes, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2009, Nacional, p. A8

Autoridades colocaram 2,2 mil homens na rua para garantir segurança

Carlos Mendes

Começa hoje na capital paraense a nona edição do Fórum Social Mundial, com a presença estimada de 60 mil pessoas de todo o País, além de 30 mil estrangeiros. Durante os cinco dias do evento, estão previstas 2,4 mil atividades, incluindo debates sobre temas como meio ambiente, aquecimento global, crise econômica, miséria e exclusão nos países pobres, além da devastação da Amazônia.

Os hotéis e pousadas da cidade estão superlotados - até os motéis mudaram as regras para abrigar participantes do encontro. Outras 15 mil residências foram alugadas, até por R$ 2 mil, para os dias do fórum. Com tamanha procura, uma diária de hotel hoje em Belém chega a R$ 900, com direito a café da manhã, almoço e jantar.

Para garantir a estrutura do evento e a segurança dos participantes, o governo estadual investiu R$ 143 milhões, um terço na compra de carros para a polícia. Dez hospitais de campanha foram montados nos campi da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde também foram construídos alojamentos para 30 mil visitantes. Outros 270 leitos hospitalares estão disponíveis nas redes pública e privada para atender às emergências.

Para frear a onda de violência que atinge Belém nos últimos anos, onde a criminalidade aumentou 21% entre 2007 e 2008, a polícia fechou todos os bares e campos de futebol, além de proibir festas, na tentativa de prevenir assaltos, roubos e tráfico de drogas. A Polícia Militar colocou mais de 2 mil homens nas ruas e a Força Nacional de Segurança, mais 200.

ABERTURA

Uma marcha pelas ruas e avenidas marcará a abertura do fórum, hoje. Começa às 14 horas e percorrerá cinco quilômetros, do cais do porto, no centro da cidade, até a Praça do Operário, no bairro de São Braz.

Os índios terão posição de destaque nessa marcha. Ao todo, cerca de 2 mil indígenas do Brasil e de outros países da região amazônica deverão participar do evento e, na Tenda dos Povos Indígenas, na Universidade Federal do Pará, discutirão temas como a demarcação de terras, projetos econômicos que afetam as suas comunidades e preservação ambiental.

Dentre as atividades previstas para amanhã está a discussão de propostas para elaborar um plano global de metas para a região amazônica. A iniciativa é do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro (RJ).

Gays, lésbicas e transformistas também discutirão propostas para combater o preconceito e a violência. Um casamento comunitário entre gays e lésbicas está previsto na pauta. Naturalistas da Europa e da América Latina aproveitarão o evento para realizar uma caminhada nudista pela cidade.