Título: Aliado de Dirceu vira líder do PT na Câmara
Autor: Duailibi, Julia; Venceslau, Pedro
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2009, Nacional, p. A7
Vaccarezza derrota Teixeira por 43 votos a 33; tucanos farão escolha hoje, também sob divisão
Ana Paula Scinocca e Eugênia Lopes, BRASÍLIA
Embalado pelo ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, o deputado Cândido Vaccarezza (SP) foi eleito ontem, em reunião tensa, líder do PT na Câmara. Homem de confiança de Dirceu, ele recebeu 43 votos, contra 33 do deputado Paulo Teixeira (SP). Apenas dois petistas estiveram ausentes, ambos por motivo de doença: Adão Pretto (RS) e Carlos Wilson (PE). Desde 1997, o PT não recorria à votação para escolher seu líder.
Na reunião de mais de duas horas, aliados de Vaccarezza, segundo relato de participantes, exibiram uma lista com a assinatura de 43 deputados que o apoiavam - o número de votos que recebeu -, o que teria constrangido parlamentares a traduzir o apoio em voto ontem. O novo líder, porém, negou constrangimento e a exibição de tal documento. "Foi uma eleição tranquila e democrática, como é o PT."
Deputados ouvidos pelo Estado contaram que Dirceu chegou a telefonar para parlamentares pedindo voto em Vaccarezza. O novo líder negou. "Dirceu é meu amigo há 30 anos. Eu sou amigo dele. Vocês acham que eu preciso de cabo eleitoral? Não é verdade que ele ligou", reagiu.
Vaccarezza substitui Maurício Rands (PE) no posto. Apesar da diferença de apenas 10 votos, ele disse que a bancada não saiu dividida da escolha. "Ganhei com margem grande e não existiram vitoriosos nem derrotados. Minha tarefa é liderar a bancada do PT, que é do governo. Temos uma crise econômica muito grave, maior do que a população está imaginando, e é preciso consistência política e interlocução grande."
Até a definição pela votação secreta, a reunião de ontem foi marcada pela tentativa de aliados de Dirceu de conseguir unidade em torno de Vaccarezza. Outros dois deputados petistas, Fernando Ferro (PE) e Iriny Lopes (ES), chegaram a se inscrever como candidatos, mas desistiram antes do encontro.
BRIGA NO PSDB
Divididos, os tucanos deverão decidir hoje o líder da bancada na Câmara. A disputa transformou-se em uma briga entre partidários do governador de São Paulo, José Serra, e do governador de Minas, Aécio Neves.
O atual líder, José Aníbal (SP), quer concorrer à reeleição, mas um grupo de 20 deputados - a maioria ligada a Serra - não aceita a recondução. Alegam que o estatuto não permite a reeleição consecutiva. Walter Feldman (PSDB-SP) foi exonerado da Secretaria de Esportes de São Paulo para assumir a cadeira e votar contra Aníbal.
Já os apoiadores de Aníbal garantem que não há restrição estatutária. A recondução tem apoio entre os deputados ligados ao governador de Minas. Também brigam pela liderança os deputados Paulo Renato e Emanuel, ambos de São Paulo.