Título: Bolsa-Família atingirá netos de beneficiários, avisa Patrus
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2009, Nacional, p. A8

Ministro admite dependentes do programa até terceira geração

Lisandra Paraguassú, BRASÍLIA

Criticado pelo ministro de Ações Estratégicas, Mangabeira Unger, o Bolsa-Família foi defendido ontem pelo titular do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. O ministro afirmou que o programa não pode ser visto como "transitório" e as políticas sociais não são filantropia. Admitiu, porém, que nem todos os beneficiados deixarão a dependência do governo.

Patrus disse que o programa atende "trabalhadores de baixa renda", pessoas que tiveram alguma formação e respondem a programas de capacitação, mas ponderou que nem todo o público é assim. "Trabalhamos na perspectiva das crianças, dos filhos e netos. Porque são pessoas indigentes, que não tiveram seus direitos básicos atendidos e são hoje analfabetos, não sabem trabalhar, têm suas famílias desestruturadas", disse.

Mangabeira, que antes de chegar à Esplanada chamou o governo Lula de "o mais corrupto da história", disse, recentemente, que o foco dos programas de capacitação deve ser "os menos pobres entre os pobres", para que deixem a dependência.

Patrus lançou ontem convênio com a construtora Norberto Odebrecht, que vai oferecer vagas de capacitação para 12 mil beneficiários do Bolsa-Família em construção e mecânica. Cerca de 5 mil podem ser aproveitados na obra da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia.

O convênio visa a acelerar o plano de qualificação dos beneficiários do Bolsa-Família, lançado no segundo semestre de 2008 e longe de atingir a meta. "Cometemos alguns equívocos, como lançar o programa em ano eleitoral, não priorizar a comunicação com as famílias e não fazer uma motivação adequada, como estamos fazendo agora", admitiu Patrus.