Título: Rateio de cargos paralisa Senado
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/02/2009, Nacional, p. A5

Collor insiste em presidir comissão prometida por Sarney

Rosa Costa

O impasse provocado pela vontade do ex-presidente da República e senador Fernando Collor (PTB-AL) de presidir uma das 11 comissões técnicas do Senado continua paralisando as atividades da Casa. É que os líderes se recusam a iniciar as atividades antes de concluído o loteamento das comissões.

Na origem está um acordo pré-eleitoral. O PTB insiste para que o presidente do Senado, José Sarney (AP), e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB, cumpram o compromisso de ceder uma comissão a Collor. A promessa foi feita em troca do voto de Collor em Sarney na disputa pela presidência do Senado. O senador alagoano queria a presidência da Comissão de Relações Exteriores (CRE), mas foi obrigado a desistir quando confrontado com a decisão do PSDB de não abrir mão do cargo.

Encarregado de mediar a questão, o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), acredita que na terça-feira os líderes chegarão a um acordo. "Quem tem prazo não tem pressa, estamos trabalhando para chegar a um entendimento", afirmou. Jucá disse que atua para impedir que o "confronto" deixe reflexos negativos e "cicatrizes" na base do governo. Ou seja, que o PTB possa retaliar o Palácio do Planalto, desviando os sete votos da bancada para a oposição.

A disputa ocorre agora com o PT. O partido do presidente Lula está sendo pressionado a dar a Collor a presidência da Comissão de Infraestrutura, inicialmente prevista para Ideli Salvatti (SC), ex-líder do bloco de apoio ao governo. A importância da comissão aumentou porque é lá que serão examinadas as propostas relacionadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Entre as saídas examinadas para resolver a questão esteve a de "rifar" a promessa de dar a presidência da Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) ao ex-presidente do Senado Garibaldi Alves (PMDB-RN). Com isso a CAE ficaria com o PT e Garibaldi receberia como prêmio de consolação a presidência da Comissão Mista de Orçamento. Ele rejeitou o arranjo. "Estou me sentindo como marido traído, sou o último a saber", comentou, antes de passar a agir para derrubar a operação em curso. Foi bem-sucedido.