Título: Projeto de reajuste salarial do STF divide opinião de líderes na Câmara
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2009, Nacional, p. A8

A votação do projeto de reajuste do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) divide os partidos na Câmara. Apesar das pressões do Supremo, não há data para o projeto chegar ao plenário. De acordo com o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), essa decisão será tomada no colégio de líderes, que reúne partidos do governo e da oposição.

A proposta encaminhada em 2006 propunha aumento dos atuais R$ 24.500 para R$ 25.725, considerando 5% de reajuste referente à inflação de 2006. O aumento entraria em vigor em de janeiro de 2007. Como o projeto não foi votado, a discussão agora é de um reajuste para R$ 27.716.

Projeto similar prevê o mesmo reajuste para o procurador-geral da República. Tanto num caso como no outro o aumento teria efeito cascata, atingindo todos os patamares das carreiras do Judiciário e do Ministério Público

O líder do PSDB, José Aníbal (SP), não considera prudente votar projetos que acarretem aumento dos gastos num momento de crise financeira. "Não vejo nenhuma oportunidade", disse ele. "O momento é de investir e preservar empregos."

Ainda segundo o líder tucano, se for feita uma comparação com outros países será possível notar que o Judiciário no Brasil, assim como o Legislativo, é muito bem remunerado.

O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), já anunciou que ficará contra a votação do projeto se o assunto for à reunião de líderes. "Toda e qualquer matéria que venha propor aumento de salário é inoportuna no momento de crise", disse.

A questão divide opiniões. O líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP), é a favor da aprovação do reajuste. Para ele, a crise não pode servir de argumento para reduzir salários. "Temos de mexer nos lucros", argumentou.

Apesar de favorável à votação do projeto, Vaccarezza disse que o assunto não deve entrar na pauta da próxima semana: "Como e quando, vamos ver no colégio de líderes."

O líder do PPS, deputado Fernando Coruja (SC), também apoia a votação do projeto. "O aumento é pequeno. É razoável que se dê", disse. Ponderou, no entanto, que o governo não deve tirar dinheiro de áreas importantes para pagar o reajuste.