Título: Tucanos alegam que apoio a Viana foi opção política
Autor: Samarco, Christiane; Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2009, Nacional, p. A4

Partido nega que a escolha pelo candidato do PT à sucessão no Senado passou por concessão de cargos

O apetite dos tucanos por cargos na Mesa Diretora e pelo comando de comissões técnicas interrompeu a negociação com José Sarney (PMDB-AP), candidato à presidência do Senado. O PSDB pleiteava a primeira vice-presidência e a quarta-secretaria, além das presidências das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Relações Exteriores.

No entanto, desconfortáveis com as notícias de que a negociação com o PMDB empacara porque os tucanos exigiam dois cargos na Mesa Diretora quando tinham direito a apenas um lugar, de acordo com o princípio da proporcionalidade, os tucanos preocupam-se agora em mostrar que a opção por Tião Viana (PT-AC) foi política e não movida pelo fisiologismo.

Quando avisaram a Viana que iriam apoiá-lo, os tucanos disseram que não tinham reivindicações de cargos e que tratariam desta questão no âmbito regimental, de acordo com a proporcionalidade. Mas, na véspera, quando apresentaram a lista de exigências aos candidatos, os tucanos incluíram os cargos e Viana disse que considerava "justas" as reivindicações.

Segundo o líder do partido, Arthur Virgílio (AM), o triunvirato que comandou a reviravolta pró-Tião Viana "deu prova de grandeza política" porque tem no PT o principal adversário em seus Estados. Referiu-se ao presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE), e ao senador Tasso Jereissati (CE), que "tem sido violentamente perseguido pelo PT da prefeita Luizianne Lins", em Fortaleza.

"O Sarney foi corretíssimo conosco, mas as forças que estão com ele não permitem as mudanças que propomos. Com Tião, haverá uma renovação brava na direção do Senado, uma limpeza que vai subir muito a imagem da Casa e teremos cumprido nosso papel", disse Virgílio.

Ele lembra que, na eleição passada, o PSDB entrou na briga pela presidência, apoiando o líder do DEM, José Agripino (RN), que perdeu por 28 votos para Renan Calheiros (PMDB-AL). "Levamos uma surra e não nos arrependemos, porque ficamos do lado certo", afirmou. O líder tucano diz que, mais do que a derrota, seu partido colheu a pior representação que o PSDB já teve na Mesa Diretora e nas comissões. Hoje, o DEM está com Sarney.

"Ficamos com duas suplências e a segunda vice-presidência e o comando da Comissão de Infraestrutura, que ninguém queria", diz Virgílio, ao destacar que o PSDB acatou o que lhe foi ofertado para "não criar caso com ninguém".

O comando tucano afirma que não foi o fisiologismo que moveu o partido na opção por Viana. "Ao contrário, não quisemos entrar no embate dos cargos e nos apequenar", diz Virgílio.