Título: Zuleido e ex-chefe da PF em Sergipe são denunciados
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2009, Nacional, p. A10

Segundo o Ministério Público, o policial recebeu R$ 7 mil em 2005 do dono da Gautama, acusado de fraudes

Fausto Macedo

O Ministério Público Federal denunciou à Justiça o empresário Zuleido Veras, da Construtora Gautama, e o ex-superintendente da Polícia Federal em Sergipe, delegado Rubem Paulo de Carvalho Patury Filho, por suposto crime de corrupção. Segundo a acusação, Patury recebeu R$ 7 mil de Zuleido em dezembro de 2005. O dinheiro teria sido usado para cobrir despesas da festa de posse do delegado no cargo máximo da PF no Estado. O Ministério Público requereu a quebra do sigilo bancário de Patury.

O caso é desdobramento da Operação Navalha, investigação da PF sobre esquema de fraudes em licitações de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Programa Luz para Todos envolvendo políticos, empresários e servidores públicos. A PF sustenta que a Gautama direcionava editais e mantinha intermediários infiltrados no governo federal e em administrações estaduais e municipais. Navalha prendeu 48 suspeitos, em 2006. O processo é conduzido pelo Superior Tribunal de Justiça.

Interceptação telefônica mostra que Zuleido pagou propinas a Patury, hoje aposentado. Segundo o Ministério Público, "ficou comprovado que Zuleido deu R$ 7 mil a Patury, mediante depósito na conta bancária de sua esposa, para custear o coquetel de sua posse em Sergipe e, ainda, que tornou a lhe conceder vantagens financeiras durante 2006, quando Patury tentava se candidatar a deputado estadual no Tocantins".

Para os procuradores da República que assinam a denúncia, Paulo Gustavo Guedes Fontes, Ruy Nestor Bastos Mello e Eduardo Botão Pelella, o empresário desejava contar com a boa vontade de Patury para evitar problemas com a PF. A Gautama vinha executando as obras da Adutora do São Francisco, consideradas irregulares pela Controladoria-Geral da União (CGU), que estimou em R$ 170 milhões o prejuízo ao Tesouro.

O Estado fez contato com o escritório do advogado Marcelo Leal de Oliveira, defensor de Zuleido, em Brasília, mas não houve retorno.

Rubem Patury declarou: "É uma denúncia inepta, a Justiça não vai recebê-la. Não tive nada com Zuleido. Quem me emprestou o dinheiro foi um amigo meu, Francisco Catelino, e eu o paguei em duas parcelas. A própria PF apurou inexistência de fato. Onde está a corrupção? Zuleido me corrompeu com qual objetivo? Em quê eu poderia favorecer Zuleido? Eu faço inquérito? Quero que apontem corrupção em qual obra, em qual inquérito. A denúncia é retaliação porque estou movendo 40 ações por danos morais."