Título: Não venci para atuar em favor do PMDB
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2009, Nacional, p. A7

Eleito presidente da Câmara pela terceira vez, o deputado Michel Temer (PMDB-SP) assumiu ontem o cargo prometendo fortalecer o Legislativo e acabar com a guerra entre os três Poderes. Comprometeu-se ainda a cumprir os acordos firmados com os parlamentares. "Vamos acabar com a história de acordos feitos não serem cumpridos", disse Temer, na primeira entrevista após sua eleição.

Qual é a prioridade da Câmara agora?

É cuidar dos problemas da Casa e ajudar a encontrar uma solução para a crise. Realmente entrar vigorosamente aqui. A crise que se avizinha encontrará resistências, especialmente no Legislativo. Temos problemas urgentes pela frente, mas não vamos nos aterrorizar. Pretendo formar uma comissão para discutir a crise. Vou trazer especialistas para discutir e crise e se houver necessidade vamos formular propostas para serem votadas no Legislativo. Também vou me reunir com os líderes para tratar da questão das medidas provisórias.

Mal o senhor assumiu a presidência da Câmara, deputados cobraram uma solução para a emenda à constituição que trata do aumento do número de vereadores. O Senado aprovou a emenda, sem cortar gastos. A Câmara havia cortado os gastos e, por isso, o ex-presidente Arlindo Chinaglia negou-se a promulgar a proposta. O que o senhor pretende fazer em relação à essa questão?

Vou examinar com cuidado e possivelmente trazer essa emenda para o plenário da Câmara votar em dois turnos as alterações feitas pelo Senado.

Sua eleição para a presidência da Câmara e a do senador José Sarney para presidir o Senado fortalecem o PMDB?

O PMDB já era forte. O PMDB ganhou essa condição devido às eleições municipais. Aqui é uma questão da Câmara e do Senado. Cada Casa decidiu por conta própria o que deveria fazer.

O apoio do PMDB em 2010 na sucessão presidencial se torna mais importante a partir de agora?

Diria que o PMDB é um partido importante independentemente do que aconteceu aqui. É claro que a eleição nas duas Casas influencia. Mas fui eleito por uma coligação de 14 partidos, que fizeram um bloco de apoio a minha candidatura. Não sou um deputado eleito pelo PMDB para atuar em favor do PMDB. O presidente da Câmara é o presidente de uma instituição.