Título: Personagens de escândalos voltam à ribalta
Autor: Madueño, Denise; Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2009, Nacional, p. A6
Na Câmara, acusado de desvios até ganhou cargo de vice-presidente
Ana Paula Scinocca e Felipe Recondo
As eleições para as Mesas da Câmara e do Senado podem levar a cargos de direção parlamentares com extensa lista de problemas no Judiciário.
Na Câmara, foi eleito segundo vice-presidente o deputado Edmar Moreira (DEM-MG) - denunciado pelo Ministério Público por apropriação indébita de contribuição que deveria ser repassada à Previdência. Se o Supremo Tribunal Federal (STF) receber a denúncia, Moreira passará à condição de réu em ação penal.
No Senado - que definirá hoje o rateio de cargos na Mesa -, o mais forte candidato ao posto de primeiro-vice-presidente, Marconi Perillo (PSDB-GO), responde a quatro inquéritos no STF. Ele afirma inocência.
A eleição de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado teve como principais articuladores senadores com ficha no STF. Renan Calheiros (PMDB-AL), Gim Argello (PTB-DF), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO) foram cabos eleitorais desde o início da campanha. Todos enfrentam processos no Supremo.
A começar por Renan, que é investigado por ter despesas pessoais supostamente pagas por lobista de uma construtora. Essa acusação o obrigou a renunciar à presidência do Senado. Renan foi processado no Conselho de Ética, mas acabou absolvido pelos colegas.
Gim Argello é investigado pela suposta prática dos crimes de apropriação indébita, peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É ainda apontado como suspeito de grilagem de terras no Distrito Federal e investigado por envolvimento em crimes identificados na Operação Aquarela, que levaram à renúncia do ex-senador Joaquim Roriz.
Raupp, líder do PMDB no Senado e entusiasta da candidatura de Sarney, responde a duas ações penais e dois inquéritos, e ainda é investigado pelo crime de improbidade administrativa, que teria sido praticando quando foi governador de Rondônia.
Deputado que ganhou destaque durante a CPI do Apagão, o petista Marco Maia (RS), que foi relator da comissão que investigou os acidentes aéreos da TAM e da Gol, foi eleito o primeiro vice-presidente da Câmara. Conhecido por votar pela absolvição de todos os acusados no Conselho de Ética na crise do mensalão, Edmar Moreira (DEM-MG) ficou como segundo vice-presidente. A eleição mais disputada, no entanto, foi pela segunda secretaria. Inocêncio Oliveira (PR-PE) ficou com o posto.