Título: PIB do País é o pior dos Brics
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2009, Economia, p. B4
Para ONU, governo terá de relançar a economia
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que recuou 3,6% no último trimestre em relação ao anterior, é o pior até agora entre os países do Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China). A queda é ainda superior à redução do PIB da Europa. "O resultado é chocante", afirmou o alemão Heiner Flassbeck, economista-chefe da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento e Comércio. "O Brasil está pagando o preço por não aceitar políticas expansionistas, nem em momentos de crise."
"Hoje, mesmo se o Brasil reduzir sua taxa de juros, terá feito tarde demais. Agora, não bastará mais os cortes. O governo logo terá de intervir para relançar a economia", afirmou.
Os dados do Brasil ficam piores na comparação anualizada. Na China, o crescimento no quarto trimestre (anualizado) foi de 6,5%. A Índia cresceu 5,3%, menos que a previsão de 7,6%. Se o recuo de 3,6% do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2008 for anualizado, pode significar uma queda de 13,6% da atividade econômica em 2009.
Já a Rússia sofre tanto com a queda do preço do petróleo como com a redução da demanda na Europa para suas exportações. O resultado é um crescimento previsto ainda de 2% para os últimos três meses de 2008. Para 2009, a previsão é de que a economia russa sofra uma contração de até 0,7%.
O resultado brasileiro é ainda pior que a queda do PIB na Europa no quarto trimestre de 2008. A média da redução foi de 2,4% e pôs a Europa em uma recessão, fez a inflação despencar e está levando ao desemprego mais de 12 mil pessoas diariamente nos 27 países da UE. Entre os 16 países que usam o euro, a queda foi de 1,5% entre outubro e dezembro.
Com o recuo, o Brasil ocupará a quarta posição no ranking de crescimento do PIB com base no desempenho do quarto trimestre projetado para este ano, segundo a consultoria Austin Rating.
Esse ranking é liderado pela Tailândia, com recuo de 22,2% do PIB projetado para 2009, seguido pela Coreia (-20,8%) e Cingapura (-16,4%). "A freada foi mais forte no quarto trimestre nos emergentes porque o ritmo de crescimento era maior do que nos países desenvolvidos", observa o economista-chefe da consultoria, Alex Agostini. No período, o PIB dos EUA, o epicentro da crise, recuo 0,8% ante o terceiro trimestre. Se esse resultado for anualizado, a queda do PIB em 2009 será de 6,2%. Agostini acredita que o Brasil já bateu no fundo do poço e a queda será menos brusca nos próximos meses, diferentemente dos países desenvolvidos.
COLABOROU MÁRCIA DE CHIARA