Título: DEM indica novo corregedor
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2009, Nacional, p. A13

ACM Neto deve assumir cargo no lugar de Moreira

Christiane Samarco, BRASÍLIA

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) deve ser eleito hoje segundo-vice-presidente da Câmara e, por consequência, corregedor da Casa, com a provável missão de investigar supostas irregularidades cometidas por Edmar Moreira (DEM-MG), seu antecessor.

Um grupo de deputados articula a entrega ao corregedor de representação contra Moreira, iniciando processo de cassação do parlamentar.

Essa é a principal alternativa do grupo, formado por deputados de diferentes partidos e conhecido pelo nome de Terceira Via, enquanto não se altera a composição do Conselho de Ética. O colegiado ficou marcado, nos últimos dois anos, por arquivar denúncias contra deputados. O mandato dos conselheiros vai até o próximo dia 8 de março.

Moreira renunciou ao cargo de segundo-vice-presidente depois de suspeitas de uso irregular da verba indenizatória de R$ 15 mil mensais e dúvidas sobre a propriedade de um complexo de prédios em forma de castelo em Minas Gerais, com valor estimado em cerca de R$ 25 milhões.

Além disso, pesa contra o deputado uma denúncia do Ministério Público por apropriação indevida de contribuições ao INSS, recolhidas por funcionários de empresa de segurança da qual era o dono.

ACM Neto, ex-líder do DEM, evitou fazer qualquer comentário sobre eventual processo contra Moreira.

ACORDO

A escolha de ACM Neto envolveu uma grande articulação entre os partidos e o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). O temor era a indicação de um nome que não conseguisse se viabilizar no plenário. Antes de anunciar a indicação, os líderes fizeram consultas a suas bancadas para garantir a vitória de ACM Neto na eleição para o cargo, que deve acontecer hoje.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e o líder da bancada, deputado Ronaldo Caiado (GO), foram alertados por Temer, em um jantar na noite de segunda-feira, que a situação era delicada. Ele afirmou que a expulsão de Moreira pelo DEM, anunciada para ontem, poderia provocar uma reação no plenário, colocando em risco a eleição de outro nome indicado pelo partido. Havia o temor de que um elevado número de votos em branco pudesse comprometer a votação.

Além disso, alertas de assessores jurídicos acabaram mudando a estratégia do DEM de expulsar Moreira de seus quadros ontem. O partido resolveu esperar um esclarecimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a desfiliação de Moreira antes de oficializar a decisão de expulsá-lo.

EXEMPLO

A Executiva do DEM pretende transformar o episódio Moreira em uma questão exemplar. Quer mostrar aos seus filiados que desafiar o novo comando do partido pode custar caro.

Moreira disputou o cargo de segundo vice-presidente como avulso, vencendo o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA), indicado oficialmente pelo partido.

COLABOROU DENISE MADUEÑO