Título: Não tem mais nada que possa ser informado
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2009, Nacional, p. A4

Rafael Guerra: primeiro-secretário da Câmara; Tucano defende fim[br]de verba indenizatória, mas sem compensação para parlamentares que acabe elevando gastos

Luciana Nunes Leal, BRASÍLIA

O primeiro-secretário da Câmara, Rafael Guerra (MG), único representante do PSDB na Mesa Diretora, acredita que a divulgação das prestações de contas é o caminho para frear as suspeitas de uso irregular da verba indenizatória. Embora prefira o fim do benefício, o tucano reconhece que não há ambiente político para votar o aumento dos salários dos deputados, que compensaria a extinção da verba. Guerra tem insistido em que a decisão de tornar público o detalhamento das despesas é, antes de tudo, "um serviço ao cidadão".

A divulgação detalhada dos gastos com verba indenizatória resolve as suspeitas que envolvem este benefício?

Tudo ficará público, não tem mais nada que possa ser informado. Acredito que resolverá, sim.

Divulgar o número da nota fiscal, o nome do fornecedor e o valor pago é suficiente?

Será suficiente porque o cidadão poderá saber onde foi usada a verba. Pegue um deputado do interior do Paraná, por exemplo, com uma nota de Cascavel. O eleitor pode consultar onde foi gasta a verba, ir lá conferir e pode até cobrar informações do deputado. Há um certo risco de o adversário querer prejudicar a vida dele. Vai dizer que ele usou o dinheiro no estabelecimento do cunhado da prima, de alguém ligado ao deputado. Pode acontecer, mas cada parlamentar vai ter que explicar os gastos que fez.

A suspeita sobre os gastos do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) foram decisivos para a decisão de detalhar as contas ou havia uma tendência da Câmara de divulgar os gastos na internet?

A tendência da Câmara é pela transparência, é acabar com a contestação em torno da verba indenizatória. Mas sem dúvida o episódio apressou as decisões.

A verba indenizatória deve continuar ou ser extinta e substituída por reajuste no salário dos parlamentares?

Se tiver uma fórmula para acabar com a verba indenizatória, porque reduz os questionamentos. Mas não pode haver aumento de gastos. Ao contrário. A recomendação é para redução de gastos na Câmara.

Há ambiente para votar a equiparação dos salários dos parlamentares aos do Judiciário?

Hoje não tem ambiente perante a sociedade para votar reajuste.