Título: Congresso dos EUA fecha pacote em US$ 789 bi
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2009, Economia, p. B8

Democratas aceitam cortar plano de estímulo à economia que deve ser votado amanhã.

O Congresso americano chegou ontem a um acordo sobre o formato do pacote de estímulo à economia, abrindo caminho para a legislação de US$ 789 bilhões ser aprovada em votação amanhã. Os senadores democratas chegaram a um entendimento com os três senadores republicanos cujos votos eram necessários para garantir a aprovação do pacote. Para isso, reduziram o tamanho total do pacote - antes em cerca de US$ 820 bilhões -, uma das reivindicações dos republicanos.

"Resolvemos as diferenças entre as versões do Senado e da Câmara", disse à tarde o senador Harry Reid, líder da maioria no Senado. Reid quase precisou voltar atrás, porque deputados o contestaram, afirmando ainda não terem chegado a um consenso. O senador então reuniu-se com a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, para resolver alguns detalhes que emperravam o acordo, como uma disputa sobre US$ 10 bilhões para construção de escolas, e os dois saíram do encontro anunciando um entendimento.

Senadores e deputados estavam reunidos desde a terça-feira para conciliar as duas versões do pacote. A versão de US$ 827 bilhões do Senado com US$ 281 bilhões em cortes de impostos, US$ 263 bilhões em ajuda a desempregados e US$ 283 bilhões em gastos do governo. Já a versão da Câmara, de US$ 820 bilhões, previa US$ 182 bilhões em cortes de impostos, US$ 278 bilhões em ajuda a desempregados e US$ 360 bilhões em gastos do governo.

Com a interferência do presidente Barack Obama e de seu chefe de gabinete, Rahm Emanuel, Câmara e Senado chegaram a um acordo rapidamente. Assim, a lei pode ser votada até o final da semana e assinada por Obama na segunda-feira.

O pacote que emergiu da conferência tem cerca de US$ 276,1 bilhões em cortes de impostos e US$ 150 bilhões em gastos em infraestrutura. Os democratas fizeram várias concessões: reduziram gastos em educação e saúde e o volume de recursos para os Estados. Também foram reduzidos incentivos fiscais para compras de imóveis e carros, que eram propostas republicanas. Mas foi mantido o corte de impostos de US$ 70 bilhões para a classe média.

A ala à esquerda dos democratas disse que foram feitas muitas concessões aos republicanos, na forma de incentivos fiscais, e que o valor final da lei é pequeno para fazer efeito. "Não estou feliz. Eles tiraram muito dinheiro de educação e de saúde para pôr em incentivos fiscais", disse o senador democrata Tom Harkin, afirmando que vai votar a favor do pacote, apesar das ressalvas.