Título: Peemedebista afasta 136 diretores do Senado
Autor: Madueño, Denise; Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2009, Nacional, p. A4

Medida foi tomada de última hora e informada ontem à Mesa Diretora; hoje a Casa anuncia ampla reforma.

Manobra para retirar o Senado da berlinda revelou ontem o tamanho da caixa-preta da Casa. Na véspera de anunciar uma ampla reforma administrativa, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), determinou que os diretores da Casa entregassem seus cargos. A ordem atingiu 136 funcionários.

Na prática, isso significa o afastamento de servidores que ocupam posições de destaque na estrutura, como a secretária-geral da Mesa, Cláudia Lira, e o diretor-geral, Alexandre Gazineo, que está interinamente na vaga de Agaciel Maia. A decisão foi tomada subitamente pelo senador sob clima de pressão e comunicada à tarde a outros integrantes da Mesa Diretora. Com a iniciativa, Sarney surpreendeu os colegas e recebeu elogios até de adversários.

"É uma medida positiva, que poderá melhorar a imagem do Senado. O presidente mostra não ter compromisso com o erro de ninguém", afirmou o senador petista Tião Viana (AC), que foi derrotado por Sarney na eleição de fevereiro. "Nunca é tarde para buscar o bom caminho e adotar medidas corretas", ressaltou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

O número de funcionários, incluindo comissionados que não são do quadro efetivo da Casa, que ganham como diretor deixou muitos senadores perplexos. "É preciso cortar na carne. Essa quantidade enorme de diretores me cheira a uma aberração", disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).

Antes da reunião da Mesa Diretora, Sarney vai assinar hoje convênio com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para elaboração do projeto de reforma administrativa. Na semana passada, o senador havia dado sinais de que é necessário fazer um plano de cargos e salários para os funcionários. Isso seria uma forma de acabar com os chamados "penduricalhos" na remuneração dos servidores, como é o caso de pagamento indiscriminado de horas extras.

O excesso de cargos de diretores foi uma artimanha criada pelo ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia como forma de aumentar salário para os protegidos dos parlamentares. Ele mudou o status de todos os secretários e subsecretários, que passaram a ser diretores, inchando a estrutura do Senado. Um dos cargos de diretor ganha cerca de R$ 2.000 como gratificação, além do salário.

Completamente tenso com as denúncias envolvendo sua filha, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), Sarney tenta, com isso, sair da berlinda. Roseana é acusada de usar verba do Senado para custear passagens de avião para assessores dela se deslocarem do Maranhão para Brasília.

Desde que assumiu o cargo, o senador tem sido forçado diariamente a explicar denúncias envolvendo funcionários do Senado. Ontem, o Ministério Público Federal pediu informações a Sarney sobre o pagamento de horas extras a mais de 3 mil servidores da Casa em janeiro - período de recesso parlamentar. O senador terá dez dias para encaminhar as informações