Título: Siglas veem minguar seu quadro de filiados
Autor: Saraiva, Alessandra; Carvalho, Daniele
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2009, Nacional, p. A8

PMDB lidera tendência de queda e perde 200 mil em todo o País

Marcelo de Moraes, BRASÍLIA

Praticamente todos os partidos sofreram redução no número de filiados em relação ao ano passado. No período entre janeiro de 2008 e janeiro de 2009, o porcentual de eleitores vinculados a algum partido diminuiu consideravelmente no Brasil. Segundo dados fornecidos pelos partidos políticos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 127,7 milhões de eleitores existentes em janeiro do ano passado, 115,3 milhões não eram filiados a nenhum partido. Isso significava que 90,2% dos eleitores brasileiros não pertenciam a nenhuma legenda.

Conforme os dados do TSE, em janeiro deste ano, esse índice subiu para 91,6%, com 119,7 milhões dos 130,6 milhões de eleitores desvinculados de qualquer partido político. Enquanto o número de eleitores cresceu cerca de 2,9 milhões desde janeiro do ano passado, o total de não-filiados aumentou em 4,3 milhões no mesmo período.

Mesmo se saindo muito bem nas eleições municipais, o PMDB liderou a tendência de queda de filiações. Caiu de cerca de 2 milhões de filiados para 1,8 milhão (redução de 1,64% para 1,38% dentro do eleitorado nacional). Ainda é o partido com o maior número de integrantes no Brasil, mas reduziu seu total em mais de 200 mil pessoas.

O PP, que sempre teve campanhas intensas para atrair novos membros, é o segundo maior partido em termos de filiados. Também sofreu queda, caindo de 1,2 milhão para 1,1 milhão. O PSDB passou de 1,19 milhão para 1,02 milhão. Já o PT foi de 1,15 milhão para 1,01 milhão. O DEM foi de 996 mil filiados para 865 mil, segundo os dados do TSE.

A exceção foi o PRB, partido próximo da Igreja Universal do Reino de Deus, que tem entre seus representantes o vice-presidente José Alencar. Nos últimos 12 meses, foi o único que apresentou algum tipo de crescimento, indo de 121 mil filiados para 157 mil. Todos os outros partidos decresceram entre janeiro de 2008 e janeiro de 2009.

A onda de saída de eleitores dos partidos ocorre em todas as unidades da Federação. Mas em alguns Estados o porcentual de não-filiados é bastante elevado. Em Alagoas, o número impressiona. De um total de 1,97 milhão de eleitores, 1,86 milhão não possui nenhum vínculo com alguma legenda. Isso equivale a 94,6% da massa eleitoral alagoana e significa que pouco mais de 105 mil eleitores pertencem a um partido. Em janeiro do ano passado o porcentual de não-filiados já era muito elevado, representando 93,8%. Em um ano, subiu quase um ponto porcentual.

No Distrito Federal, onde não houve eleição municipal no ano passado, o crescimento do número de eleitores foi baixo, aumentando em cerca de 12 mil pessoas no último ano. Mesmo assim, o nível de não-filiados foi de 93,43% para 94,3%, dando à capital o posto de segunda maior unidade federativa em porcentual de eleitores sem partido.

Nos Estados maiores, o aumento de eleitores não-filiados também foi grande. Em janeiro do ano passado, São Paulo tinha 28,6 milhões de eleitores. Desses, 26,2 milhões (91,4%) não estavam ligados a nenhuma legenda. Em um ano, o eleitorado foi para 29,1 milhões de eleitores, dos quais 27,04 milhões (92,66%) estão fora dos partidos. Um aumento de 805 mil eleitores no grupo dos não-filiados.

No Estado de São Paulo, o PMDB caiu de 478 mil filiados para 412 mil. Essa queda de 66 mil filiados significa praticamente um terço dos 200 mil que o partido perdeu em todo o Brasil. Cerca de 17 mil dessas desfiliações ocorreram na capital.

Mas a redução de filiados não se restringe aos peemedebistas. No mapa de filiações paulistas, o PT decresceu de 292 mil para 250 mil. Já o PTB foi de 262 mil para 231 mil, enquanto os tucanos do PSDB baixaram de 257 mil para 210 mil em São Paulo.

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral nacional, as saídas também se intensificaram. No ano passado, os mineiros tinham 13,7 milhões de eleitores, dos quais 12,4 milhões não-filiados (90,04%). Agora, são 14 milhões de eleitores, com 12,8 milhões de não-filiados (91,43%).

No Rio de Janeiro, no início do ano passado, havia 11 milhões de eleitores com 10,1 milhões de não-filiados (92%). Agora, são 11,2 milhões de eleitores com 10,4 milhões (93,1%) fora dos partidos. Dirigentes partidários argumentam que o processo de desfiliação sempre se intensifica após um período de eleições, como ocorreu nem 2008.

Para o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), o período posterior às campanhas eleitorais sempre é marcado por desfiliações. "Cabos eleitorais e candidatos que foram derrotados sempre acabam saindo nos meses seguintes à disputa." O presidente do PMDB e presidente da Câmara, Michel Temer (SP), por sua assessoria, diz que o partido não tem nenhum estudo feito sobre a situação das filiações.