Título: Empresas defendem adesão de paciente
Autor: Leite, Fabiane; Iwasso, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2009, Vida&, p. A28

Laboratórios afirmam que seus programas não visam pesquisa

Fabiane Leite e Simone Iwasso

Empresas farmacêuticas que mantêm programas de benefícios afirmam que o objetivo das ações em que há recolhimento de dados dos pacientes é garantir a adesão aos tratamentos recomendados pelos médicos e passar informação sobre saúde aos usuários. Todas negam que utilizem dados para pesquisas ou propaganda.

Os laboratórios enfatizam ainda que a redução de preço é uma questão secundária nos programas e descartam uma diminuição dos valores para todos os pacientes, incluindo os do Sistema Único de Saúde.

Segundo João Oneto, gerente de Comunicação Corporativa da GlaxoSmithKline Brasil, a empresa tem uma área específica para contato com médicos e pacientes e para o acompanhamento da doença e do tratamento, mas as informações não são acessadas por pessoas de outros setores da empresa. "Não tem nada de pesquisa clínica. Os dados não são cruzados e não são feitas estatísticas."

Oneto explica ainda que os materiais informativos distribuídos aos participantes dos programas só trazem mensagens de promoção de saúde. Destacou que os descontos poderão ocorrer sempre por meio do médico e que todos os profissionais podem solicitar adesão ao programa para benefício de seus pacientes.

A Novartis, que mantém o programa Vale Mais Saúde, informou dar benefícios para usuários de 26 produtos. A sua iniciativa, que também dá descontos, alcança 1,5 milhão de pessoas no País.

"Não entendemos que haja um acesso privilegiado. O governo já faz todas as compras com 25% de desconto. Além disso, qualquer um pode ter o cartão. Se qualquer médico pede, recebe", afirma Jorge Fafi, diretor da área farmacêutica da Novartis. "Mas não conseguimos dar 50% de desconto para o SUS."

O diretor também enfatizou que os dados são cadastrados quando o paciente permite, via fone, e que não há contatos posteriores.

SUPORTE EDUCACIONAL

A Pfizer, que mantém um programa de descontos para drogas contra disfunção erétil e para equilibrar o colesterol, informou em nota que seu objetivo é oferecer suporte educacional ao paciente, principalmente no caso de doenças crônicas.

A Merck Serono informou apenas, também por meio de nota, que o programa Acesso "oferece o tratamento da infertilidade (...) para casais com comprovada incapacidade financeira". Sobre a relação com os médicos, informou que "segue as normas e diretrizes locais e internacionais ".

A Bayer Schering Pharma não respondeu à reportagem. A Febrafarma, representante da indústria farmacêutica, não quis comentar. A Interfarma, que representa indústrias que fazem pesquisas, disse não ter porta-voz disponível.